As autoridades angolanas começaram nesta terça-feira, 8, os preparativos para a 43ª Cimeira de Chefes de Estado da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), que se realiza em Luanda no dia 17, e na qual Angola vai assumir a Presidência rotativa da organização subregional.
Aquando da sua criação, em 1992, a SADC traçou como meta a criação de um mercado comum, a médio prazo, e a garantia da paz e da segurança em todos os países membros.
Analistas políticos ouvidos pela Voz da América entendem que, em 31 anos de existência, o bloco económico continua a estar longe de atingir os objetivos que se propos alcançar por causa da “falta de vontade política das suas lideranças”.
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“Os objetivos que estiveram na base da criação da SADC estão claramente comprometidos”, considera o especialista em relações internacionais, Cesário Zalata, quem aponta como causas a falta de infraestruturas, que deviam permitir a interligação rodoviária e ferroviária dos países membros e ainda a não concretização da criação da moeda única.
“Há um longo caminho que deve ser percorrido, mas para que isso aconteça é necessário que haja vontade política por parte das nossas lideranças”, acrescenta.
O empreendedor angolano Rui Magalhães diz, por sua vez, que o atual estágio de desenvolvimento e as relações entre as várias regiões, a emigração forçada e o custo de vida são fatores que impediram que os objetivos de integração regional, segurança e paz fossem atingidos.
Magalhães lembra existir “um défice muito grande entre aquilo que se diz politicamente e depois a operacionalização”.
Entretanto, o analista político e social Sérgio Calundungo entende que a instabilidade política e militar que persiste em alguns países membros, nomeadamente na República Democrática do Congo em Moçambique, “e muitas arestas ainda por limar” , devem ser entendidas como um dos fatores que impedem o cumprimento das metas traçadas pela SADC.
“Claramente que ainda estamos muito longe de integração e a SADC sonhada ainda está aquém da SADC conseguida”, admite aquele membro do Conselho Económico e Social da Presidência da República.
Ainda assim, aquele líder social destaca os avanços conseguidos no campo da circulação de pessoas e bens com a remoção das exigências de vistos de entrada aos cidadãos da região.
Sérgio Calundungo entende que, apesar de tudo, o fim o apartheid na África do Sul é um mérito que deve ser atribuído a alguns países que hoje integram a SADC, ao longo dos anos da sua existência.
A Cimeira da SADC, que se realiza sob o lema "Capital humano e financeiro: os principais fatores para a industrialização sustentável da região”, terá euniões de peritos e do Conselho de Ministros, que vai preparar os documentos a serem submetidos à Cimeira.
No evento deverão participar os Chefes de Estado e de Governo dos 16 Estados-membros da região.