Líderes e diplomatas de nove países - incluindo os da Guiné-Bissau e de Timor Leste – bem como de várias organizações internacionais reuniram-se no Ruanda, esta semana, para estudarem meios para criar processos de paz duradouros em países devastados por décadas de guerras.
Há 17 anos atrás, o Ruanda era o país mais violento do mundo. Hoje, os jardins de Kigali voltaram a estar impecavelmente bem tratados e as pessoas deslocam-se a qualquer hora da noite em segurança. Esta semana, na capital ruandesa, líderes da Serra Leoa, Libéria, Burundi, República Centro-Africana, Guiné, Guiné-Bissau, Costa do Marfim, Haiti, Sudão do Sul e Timor Leste reuniram-se para conhecer o processo de paz burundês.
Na oportunidade, afirmou o presidente Nzurunziza: “Um enorme número de burundeses foram mortos. Outros foram forçados ao exílio. Propriedades foram saqueadas. Infra-estruturas foram destruídas e o governo também não foi poupado”.Mas, a segurança – adiantou Nzurunziza – é apenas o primeiro passo.
No termo desta conferência de dois dias em Kigali, os líderes presentes aprovaram um comunicado que vai ser apresentado às Nações Unidas. O seu objectivo é o de comunicar à comunidade internacional o que a África pensa sobre a necessidade de manter a paz em países que vivem na era post-conflito.
O comunicado recomenda que a ONU apoie programas que garantam que a ajuda chegue directamente às mãos das pessoas nas aldeias, em vez que caírem nas mãos de organizações não-governamentais ou de governos irresponsáveis.
O referido documento apela ainda para que a ONU melhore os sistemas educativos e para utilizar os sistemas de justiça comunitários, como sejam os tribunais Gacaca, no Ruanda, que já julgaram cerca de um milhão de suspeitos desde o genocídio de 1994, na sequência do qual cerca de 800 mil pessoas foram mortas.
Os líderes africanos presentes concordaram também em sublinhar que os direitos da mulher são um aspecto essencial para se edificar uma sociedade saudável, pacífica e dinâmica.
A secretária-geral da ONU para a Edificação da Paz, Judy Cheng-Hopkins, afirmou que as sociedades post-conflito deveriam usar temporariamente programas de acção afirmativa para incentivarem o crescimento económico incorporando mulheres na vida pública.
Por seu lado, o presidente Paul Kagame, do Ruanda, disse que os países africanos deveriam acautelar-se quando a ajuda internacional não pode ser gerida ao nível local, pelo menos parcialmente.