A homenagem feita a activistas que lutaram contra o regime do antigo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, no lançamento do Centro de Estudos para Boa Governação Ufolo, iniciativa do jornalista e activista Rafael Marques, em Luanda na semana passada, já mereceu críticas do autodenominado Movimento Revolucionário.
Os “revús”, como são popularmente conhecidos, consideram estranho o facto de o colóquio “Juventude em Ação” os ter deixado de fora quando lutaram e muito contra o antigo Presidente.
O porta-voz do evento diz que o mesmo era para a juventude de várias áreas e não para activistas apenas.
O colóquio convidou figuras como o comandante Divaldo Martins, da Polícia Nacional, Gabriel Veloso, jornalista, Gilmario Vemba, humorista, e Eva Diva, rapper, entre outros.
Albano Bingo Bingo, um dos membros do grupo 15 + duas, que esteve preso durante um ano,considera que, para além da exclusão que sofrem por parte de quem dirige o país, os activistas são postos de parte por organizações da sociedade civil.
"A exclusão existe até pela sociedade civil, somos considerados pés descalços, agora existem as novas elites de activistas chamados emergentes, não sou contra que venham só não admito que ofusquem aqueles que fizeram um percurso de muito sacrificio, nós os activistas de pés descalços devemos ser reconhecidos e ainda temos alguma coisa a dar a esta nação", defende Bingo Bingo.
Arante Kivuvu, outro membro dos jovens “revús” e também do grupo dos 15 + duas, diz que o centro é livre de homenagear quem quiser, mas não concorda com a exclusão.
"Há muita gente que merece ser homenageada, enquanto viva deu tudo das suas vidas e juventude na luta contra o regime de JES, não concorda com as pessoas convidadas, mas cada um tem a sua agenda e seu ponto de vista", afirma
Emiliano Catumbela, também activista, diz sentir-se “excluído porque ser inteligente não quer dizer necessariamente ir à faculdade, cada cidadão tem uma forma própria de mostrar inteligência”, e lembra que “pessoas que estudaram é que estão a rebentar o país".
Evento para juventude e não para activistas
Entretanto, o rapper MCK, porta-voz do colóquio do Efolo, responde afirmando que o evento não pretendia “juntar activistas mas sim jovens de diversas áreas profissionais para dar o seu contributo e o colóquio era Juventude em Ação e não activistas em ação".
Para o músico e activista, os “revús” têm a sua importância, “tiveram uma participação muito forte nas reivindicações e é impossível falar de mudanças sociais ou de activismo sem falar nesses grupos".
O colóquio homenageou a título póstumo o activista Carbono Casemiro.