A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola desistiu de um dos três processos cíveis instaurados contra Isabel dos Santos, porque, segundo disse o caso e os seus detalhes coincidem com o processo-crime que decorre em simultâneo contra a empresária.
A PGR sublinhou que o arresto dos bens de Isabel dos Santos, e pessoas com ela relacionadas, “não caducou e nem foi levantado em função de as duas acções declarativas de condenação continuarem a correr os seus trâmites legais”.
Isabel, Dino e Kopelipa
Entretanto, e com base nos chamados “Pandora Papers”, foram divulgados mais pormenores sobre a rede de empresas que Isabel dos Santos e os conhecidas Generais Dino e Kopelipa possuíam no estrangeiro.
O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ na sigla inglesa) revelou que Isabel dos Santos e os generais Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” e Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa” possuíam em conjunto ou individualmente companhias e contas bancárias na Europa e Médio Oriente.
Com base em documentos da gigantesca fuga de informações denominada “Pandora Papers” o ICIJ disse que aquelas três personalidades angolanas e membros das suas famílias eram proprietários ou ocupavam posições de importâncias em pelo menos 20 companhias “off-shore”.
Por exemplo, o general Dino tornou-se proprietário em 2008 de uma companhias de fachada com o nome de Shenyang Investments registada no estado americano de Delaware. Essas companhia abriu depois uma conta bancária no Dubai, revelam os “Pandora Papers”.
A companhia foi encerrada em 2014.
O general Dino, diz ainda a ICIJ, possuiu ou foi director de companhias nas Ilhas Virgens Britânicas e no Panamá.
Várias dessas companhias abriram contas bancárias no Banco Espírito de Santo em Portugal.
O general Dino foi também proprietário de uma companhia com o nome de Dark Oil em parceria com o general Kopelipa e Manuel Vicente que foi director da Sonangol.
Já o general Kopelipa era proprietário da Tentower Overseas no Panamá com conta bancárias em Portugal .
A mulher de Kopelipa, Giovetty era também proprietária a de uma companhia de fachada panamiana para abrir uma conta num banco em Portugal.
A ICIJ fez notar que que em 2020 os generais Dino e Kopelipa “entregaram voluntariamente bens, incluindo residências e fábricas como parte de uma investigação do governo angolano a alegada fraude e uso indevido de contractos do governo”.
A ICIJ disse não ter conseguido obter qualquer reacção por parte dos generais e de Isabel dos Santos.
Anteriormente tinham sido divulgados os pormenores de contas do antigo ministro da Informação, Manuel Rabelais, que possuía três companhias de fachada nas Ilhas Virgens Britânicas.
Sabe-se que os nomes de nove angolanos estão na lista na lista de dezenas de politicos e conhecidas personalidades de todo o mundo com contas bancárias em “paraísos fiscais” ou com propriedades em vários países compradas através de firmas fantasmas.
Os nomes de todos os angolanos e as suas actividades continuam no entanto por revelar.