O réu Nuno Álvaro Dala, um dos 17 activistas angolanos acusados de crimes de rebelião e actos preparatórios de um golpe de Estado, denunciou nesta quarta-feira que, desde ontem quando começou a ser interrogado, muitas das suas declarações feitas na fase de instrução processual foram adulteradas.
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Ao mesmo tempo, o juiz Januário Domingos José rejeitou três protestos dos advogados dos réus contra a intervenção da procuradora Isabel Fançony que, segundo a defesa, queria induzir dala em erro.
Durante o interrogatório, o Ministério Público e o juiz insistiram em saber se os activistas queriam ou não destituir o Presidente da República, bem como o financiamento das suas actividades e quem era o líder do grupo.
Dala disse que participou em quatro das seis sessões e revelou ser um dos protagonistas da criação do espaço de debate para reflexões políticas, económicas e sociais.
O activista afirmou também que, para além do livro do escritor americano Gene Sharp, leram outras obras de Platão, Henry Thoureau, Mahatma Gandhi e muitas outras bibliografias de académicos.
Nuno Dala, que é investigador, confirmou ter lido 191 documentos e resoluções de organizações não governamentais, mas, segundo afirmou, ficou espantado ao ver que não consideravam Angola um Estado ditatorial e assumiu, na audiência, que país é um Estado não democrático.
Refira-se que os jornalistas destacados para cobrir o julgamento dos 17 activistas angolanos acusados de crimes de rebelião e actos preparatórios de um golpe de Estado passaram, a partir de ontem, a acompanhar as sessões numa sala com circuito fechado de televisão.
Entretanto, nesta quarta-feira, havia nove jornalistas na sala e mais 18 pessoas que, segundo fontes da VOA, são, na sua maioria, agentes do serviço secreto.
Os jornalistas, no entanto, não conseguem ver a face dos juízes e dos procuradores.