O presidente Barack Obama é um dos 316 milhões de americanos que acordaram para uma realidade política radicalmente diferente nesta quarta-feira, 4, após os republicanos terem ganho ontem o controlo do Senado e reforçado a maioria na Câmara dos Deputados, dominando assim o Congresso. O presidente já convidou os líderes dos dois partidos no Congresso para uma reunião na sexta-feira na Casa Branca, mas analistas não acreditam que esta iniciativa irá mudar a polarização em Washington.
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A noite de ontem foi de festa para os republicanos e a manhã de hoje não podia ser mais azeda para os democratas depois de o Partido Republicano ter ganho as eleições. Na verdade, foi uma autêntica onda de descontentamento dos eleitores contra o presidente Obama, bem como a ameaças internacionais, que afectaram também a luta pelos Governos dos Estados, também ganha pelos republicanos.
O líder conservador da Câmara dos Deputados John Boehner disse que Obama foi humilhado porque o seu partido perdeu mais nove cadeiras na câmara baixa.
Um dos grandes vencedores da noite foi o senador republicano Mitch McConnell, do Kentucky, que vai cumprir o seu sonho de longa data de se tornar o novo líder da maioria no Senado em Janeiro. Mas McConnell reconheceu que Washington continua dividido.
"Eu não espero que o presidente acordar amanhã e veja o mundo de forma diferente do que ele fez esta manhã. Ele sabe que não quer." Mas nós temos a obrigação de trabalhar juntos em questões em que podemos concordar", disse.
Analistas afirmam que o presidente Obama terá mais dificuldades para tentar implementar sua agenda doméstica e que ele pode ter que alterar o seu curso. Mas como a noite da eleição é efémera, a euforia pode desaparecer já que os republicanos também podem sentir a pressão de mostrar aos americanos insatisfeitos que fazem as coisas antes das eleições presidenciais de 2016.
Kyle Kondik, do Centro de Política da Universidade de Virginia, diz que "os republicanos, obviamente, conseguem fazer uma boa eleição intercalar, mas eles não vão estar em posição de ditar a política porque, naturalmente, o presidente Barack Obama tem uma palavra a dizer também, e eles não têm maioria à prova de veto nem na Câmara dos Deputados nem no Senado”.
O presidente Obama vai perder um importante aliado no Congresso, o senador democrata Harry Reid e terá de lidar com McConnell, um conservador que se tem oposto ao presidente em quase todas as questões, além de não terem um relacionamento humano caloroso. Kondik diz que eles terão de cooperar.
O Congresso terá de aprovar o orçamento para manter o Governo em funcionamento até 11 de Dezembro, naquele que será o primeiro teste da nova correlação de forças saída das eleições intercalares de ontem.