As Forças da Segurança da República Democrática do Congo mataram a tiros dois homens neste domingo durante protestos contra a recusa do presidente Joseph Kabila em deixar o cargo, reporta a Reuters citando a Human Rights Watch (HRW).
Activistas católicos haviam convocado os protestos após a missa deste domingo, um ano após Kabila se comprometer a realizar uma eleição para escolher o seu sucessor até o final de 2017 –-uma eleição agora agendada para dezembro de 2018.
O adiamento alimentou suspeitas de que Kabila tentará eliminar limites constitucionais de mandato que o proíbem de concorrer novamente. Isso por sua vez aumentou temores de que o país volte ao tipo de guerra civil que matou milhões na transição do século.
Os dois homens foram mortos do lado de fora da igreja St. Alphonse, no distrito de Matete, na capital Kinshasha, disse Ida Sawyer, diretora da HRW para a África Central.
O porta-voz da polícia Pierrot Mwanamputu negou que forças da segurança tenham usado munição durante os protestos. “Nós estamos a operar durante o dia. Todos estão a olhar para nós. Não é noite”, disse.
Mas uma testemunha disse à Reuters que viu duas pessoas num hospital local que haviam sido levemente feridas por tiros no braço e na perna, ao deixar a igreja de St. Joseph, no distrito de Matonge.
Cerca de 50 pessoas foram presas, em Kinshasa e, pelo menos, sete foram gravemente feridas por tiros, disse Georges Kapiamba, activista de direitos humanos. Outras 25 pessoas foram presas e outras três foram gravemente feridas na cidade de Kamina, no sudeste do país, segundo Kapiamba.
Mwanamputu confirmou que a polícia prendeu manifestantes que haviam bloqueado ruas e colocado fogo em pneus, mas disse não saber quantos.
Na paróquia de Saint Michel, no distrito de Bandalungwa, em Kinshasa, forças da segurança atiraram gás lacrimogéneo contra a igreja, criando pânico, disse à Reuters o líder da oposição Vital Kamerhe, que estava presente na missa.
A polícia proibiu manifestações e disse que todos os encontros de mais de cinco pessoas serão dispersados para garantir ordem pública. Em Kinshasa, a polícia e soldados realizaram buscas em veículos e verificaram identidades de passageiros.