A representante do secretário-geral das Nações Unidas Guiné-Bissau reiterou a necessidade do apoio da organização e da comunidade internacional àquele país, com vista a “evitar uma deterioração dos direitos políticos e humanos, consolidar as conquistas democráticas anteriores e preservar a paz e a estabilidade”.
Ao intervir na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que analisa nesta segunda-feira, 10, a situação do país, Rosine H. Sori-Coulibaly afirmou que “embora o Presidente Embaló tenha expressado o desejo de formar um Governo de base ampla com Nuno Nabiam, como primeiro-ministro, as perspetivas de avanço são reduzidas devido à forte oposição à adesão ao Governo nas atuais circunstâncias”.
Veja Também Jornalistas protestam com vígilia e dia do silêncio na Guiné-BissauEla acrescentou que Governo e oposição, liderada pelo PAIGC, “permanecem profundamente enraizados nas suas posições” e destacou preocupações em torno da “insegurança e abusos dos direitos humanos”.
Nesse caso, Sori-Coulibaly citou “a operação de 26 de julho na Rádio Capital FM, que é considerada aliada da oposição, assim como relatos de prisões arbitrárias, intimidações e detenção de pessoas e figuras políticas tidas como opostas à atual administração”.
Para aquela representante, “essas ocorrências aumentaram as tensões políticas”.
Veja Também “A nossa paciência já está esgotada”, avisa líder sindical ao Governo guineenseNo documento de seis páginas, ela destacou a iniciativa do Presidente Úmaro Sissoco Embaló de criar uma comissão para revisão da Constituição, que, no entanto, “foi criticada por várias partes interessadas, como o presidente da Assembleia Nacional, PAIGC, organizações da sociedade civil e proeminentes figuras jurídicas, que argumentam que a revisão da constituição é prerrogativa do legislativo”.
Rosine H. Sori-Coulibaly lembrou também que o “Presidente Embaló contra-argumentou dizendo que o trabalho da Comissão está de acordo com a exigência da CEDEAO e que fornecerá a base para a revisão da Constituição em conformidade com o enquadramento jurídico”.
“Embora não haja consenso político neste momento sobre a aprovação e processo de revisão constitucional, os mecanismos e processos paralelos têm um potencial para exacerbar as tensões políticas”, advertiu a representante de António Guterres em Bissau, cujo prognóstico do impasse atual “ressalta a necessidade de continuidade e robustez do engajamento da comunidade internacional, para evitar uma deterioração dos direitos políticos e humanos, consolidar as conquistas democráticas anteriores e preservar a paz e a estabilidade tão necessárias”.
Sori-Coulibaly reiterou que todas as forças políticas devem ser encorajadas a se comprometerem com diálogo construtivo e a construção de consenso em torno das prioridades nacionais e que “as forças (de segurança) devem ser constantemente lembradas de não interferir na política”.
Futuro
A representante do secretário-geral das Nações Unidas reiterou a importância da Comissão de Consolidação da Paz após o fim do missão das Nações Unidas, UNIOGBIS, em Dezembro, e pediu o engajamento da comunidade internacional.
A Uniogbis deverá encerrar o seu escritório na Guiné-Bissau em dezembro.
Por isso ela pediu o engajamento da ”comunidade internacional para financiar o trabalho do Fundo de Consolidação da Paz para a Guiné-Bissau para que se continue a trabalhar na implementação de reformas cruciais para a estabilização do país”.
Ainda hoje, o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve emitir um comunicado com o seu posicionamento sobre a situação atual.