A Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, diz que a alegada falta de dinheiro para o próximo ciclo eleitoral é uma tentativa de ensaio para adiar as eleições distritais ou forçar um terceiro mandato para o Presidente da República, Filipe Nyusi.
Este posicionamento surge depois de a Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter revelado um défice de 2,2 mil milhões de meticais, e de até ao momento, não ter recebido qualquer garantia do Governo para supri-lo.
A CNE queixa-se da falta de fundos para a realização das diversas actividades previstas no processo eleitoral, mas o porta-voz da Renamo diz que Moçambique, como um Estado democrático, não pode vilipendiar a Constituição da República, a bel-prazer de um determinado grupo.
Veja Também Défice orçamental volta a ensombrar processo eleitoral em MoçambiqueJosé Manteigas acrescenta que "o Governo ainda não foi ao Parlamento dizer que não tem dinheiro para realizar eleições, e não sabemos com que fundamento é que alguém da CNE aparece a dizer que não há dinheiro".
O porta-voz assinala que "para além disso", o tema das eleições já vem desde 2018, e o partido no poder sabia que em 2023 teriamos eleições autárquicas e em 2024 as gerais e distritais, e nós estamos preparados para irmos ao escrutínio".
Veja Também Moçambique: Eventual adiamento de eleições distritais "aquece" ambiente políticoPara Manteigas, "todo este enredo é uma tentativa de ensaio, ou de adiamento das eleições distritais ou de puxar um terceiro mandato para o Presidente Nyusi, o que é contrário ao nosso regime constitucional que é de dois mandatos apenas para o Presidente da República".
Contudo, para Fernando Faustino, secretário-geral da Associação dos Combatentes da Luta Armada de Libertação Nacional (ACLIN), uma das organizações sociais da Frelimo bastante influentes, esta não é a preocupação de Filipe Nyusi.
Segundo Faustino, "a preocupação do Presidente Nyusi não é terceiro nem quarto mandato, a sua preocupação é acabar com os insurgentes em Cabo Delgado, com a fome e com o custo de vida, em nenhum momento ele manifestou esse interesse".
Em alguns círculos de opinião, afirma-se esperar que isso corresponda à verdade porque o país tem que avançar de forma democrática e é disso que precisa para se desenvolver.