A Renamo diz que o processo de desmobilização e integração social dos seus guerrilheiros vai arrancar dentro de dias, na Gorongosa, sendo este um dos aspectos determinantes para a paz efectiva em Moçambique.
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O delegado político da Renamo na Gorongosa, Isac Zeca, citado pela Rádio Moçambique, disse estar praticamente concluido o registo dos guerrilheiros.
"Dentro de dias, o processo de desmobilização e integração vai arrancar. Gorongosa está organizado para este processo; todos os militares que estão lá são homens controlados pelo Presidente Ossufo Momade", afirmou Isac Zeca.
Entretanto, esta semana, o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou que os parceiros internacionais que manifestaram interesse em financiar este processo, estão a ficar impacientes porque o processo de “Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração”(DDR), não arranca.
Nyusi disse que iria, rapidamente, falar com a liderança da Renamo "porque toda a gente com quem falei em Londres, tem interesse em apoiar o DDR; eles querem que o processo avance para poderem libertar os valores destinados à reintegração".
Apontou como exemplo o Governo britânico, o Bnco Mundial, a União Europeia, o Canadá e outros países e organizações internacionais.
Para alguns analistas, o DDR "é um processo muito delicado, sobretudo por envolver homens e mulhere que sempre viveram de armas".
"Que projectos existem para a integração dessas pessoas para evitar que, passado algum tempo, elas regressem às matas?", interrogou-se o economista Rosário Francisco.
Por seu turno, Raúl Domingos, antigo quadro sénior da Renamo, chama a atenção para o facto de que se este processo for mal conduzido, pode trazer consequências bastante negativas para o país.
Na sua opinião, a desmobilização foi um dos aspectos mal geridos durante a implementação do Acordo de Paz de 1992, "porque a integração dos guerrilheiros não foi efectiva. Foi por isso que muitos depois regressaram às matas".
Para Raúl Domingos, a demora no arranque deste processo, aparentemente, se deve ao facto de os guerrilheiros "estarem a exigir que não sejam desmobilizados a qualquer preço", uma opinião com a qual estão de acordo alguns economistas.
"Este é um processo que deve ser acompanhado por políticas de inclusão, que permitam uma verdadeira reintegração social, para que os guerrilheiros possam sentir que fazem parte dos esforços para o desenvolvimento do país; eu acho que é uma luta pelas oportunidades que eles acham que devem ser distribuidas", disse o economista Constantino Marrengula.