Renamo: O desafio de ser um partido agora sem um braço armado

Ossufo Momade, presidente da Renamo, na Conferência Democracia em África, da IDC, Lisboa, 24 Fevereiro 2023

O partido liderado por Ossufo Momade, na seqüência do encerramento do processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR), ficou sem armas que era um factor de pressão sobre o Governo e agora terá de encontrar outros caminhos.

Analistas políticos moçambicanos divergem quanto ao futuro da Renamo depois de ter ficado sem o seu braço armado, através do qual pressionava o Governo a honrar os seus compromissos com o partido, uns a considera-lo incerto e sinuoso e outros a afirmar que a Renamo nunca precisou de armas para se impor como a segunda maior força política em Moçambique.

O partido liderado por Ossufo Momade, na seqüência do encerramento do processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR), ficou sem armas que era um factor de pressão sobre o Governo, e o analista político Antonio Sitoi diz que isso fragiliza bastante a Renamo e, de alguma forma, a própria democracia.

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Renamo: O desafio de ser um partido agora sem um braço armado

Para aquele analista, muito rapidamente ‘’porque estamos próximos das eleições autárquicas, a Renamo terá de ser capaz de definir novas estratégias de actuação, que, em minha opinião, devem incluir a realização de um congresso extraordinário’’.

"A Renamo precisa de uma liderança que seja capaz de analisar os fenómenos, antecipando-os, porque a actual se identifica mais com as armas, com a guerrilha, mas esse tempo já passou", sublinha Sitoi.

Por seu lado, o analista político Lucas Ubisse afirma que muitas das reformas políticas havidas em Moçambique, incluindo o processo de descentralização que a Frelimo parece pretender travar, se devem à pressão que a Renamo exercia sobre o Governo, através das armas.

"Se a Renamo tivesse armas, teríamos eleições distritais em 2024, tal como está escrito na Constituição da República", realça Ubisse.

Mas, para o também analista político Fernando Lima, não é correcto achar que as armas são um recurso de pressão e que agora a Renamo está mais fragilizada porque não as tem, avançando que o partido sabe desde 1992, quando assinou o acordo geral de paz, que iria conformar-se com uma situação de força política e não de um movimento armado.

Lima refere que a Renamo permaneceu armada até agora por força das circunstâncias e da conjuntura, "e basicamente aquilo que temos que ver, e isso vai ser provado nas próximas eleições municipais e gerais, é que a Renamo continuará a ter a mesma força política que tinha anteriormente, e que o factor armas não é relevante em termos da sua forca política".

"A Renamo é uma grande força política e essa força é testemunhada pela grande votação que obtém em cada pleito eleitoral e que faz dela o principal partido da oposição em Moçambique’’, observa Lima, para mais adiante afirmar que a Frelimo poderá tirar partido do facto de a Renamo estar desarmada.

"Mas ai a própria Renamo tem que mostrar o seu músculo político, que são os seus apoiantes que vivem em muitas províncias e que são uma força muito importante para demonstrarem que podem opor-se a determinadas iniciativas do partido Frelimo’", conclui aquele jornalista.

Por seu turno, o presidente do Partido Independente de Moçambique (PIMO), Yaqub Sibindy, considera que a Renamo nunca precisou de armas para se impor como partido político, "a Renamo pegou em armas para lutar pela democracia".

Entretanto, o presidente da Renamo, Ossufo Momade, diz que o encerramento do DDR não significa o fim do partido, que continuará inabalável e firme como alternativa política em Moçambique.