A Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, acusou, nesta quarta-feira 21, as forças estatais de violarem a trégua com dois casos ocorridos semana passada, de que resultaram ferimentos graves de quatro dos seus membros, um dos quais atingido á tiro.
Sofrimento Matequenha, delegado político provincial da Renamo em Manica, disse à VOA haver uma persistente perseguição aos membros do partido nos distritos de Barue e Mossurize, largamente atingidos pelo conflito militar, alegadamente encerrado em Dezembro com a trégua ilimitada.
Matequenha afirmou que no dia 17 quatro membros do policiamento comunitário ligados à Polícia da Republica de Moçambique (PRM), munidos de armas AK47, dirigiram-se à casa do delegado da Renamo em Pandagomwa (Honde, distrito de Barue) - que fugiu ao se aperceber do movimento estranho -, espancaram brutalmente a esposa e o filho menor e incendiaram a casa.
No mesmo dia, em Chiquequete (Macuo, distrito de Mossurize), dois homens das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) armados feriram a tiro um membro da Renamo na sua residência, quando se encontrava reunido num convívio com amigos e familiares, e roubaram 400 dólares, além de ter espancado brutalmente a sogra deste.
Mais perseguições
“Lamentamos essa violação da trégua, porque como Renamo estamos a levar uma mensagem de reconciliação dos moçambicanos, mas os nossos membros continuam a ser perseguidos e mortos por forças do Governo” sublinhou Matequenha, acrescentando que o clima hostil continua a ser semeado nas zonas do interior de Manica.
O responsável da Renamo revelou que “essas pessoas todas estão refugiadas nas matas porque temem ser assassinadas” e adiantou que a Comissão de Reconciliação, que reúne o Governo, a Renamo e outras entidades, já havia alertado para o cumprimento da trégua em Manica.
Sofrimento Matequenha apelou a Polícia e o governador de Manica a perseguirem os comportamentos desviantes, que estejam a causar embaraços à trégua e a colocar fim a perseguições e roubos constantes aos membros do partido, por elementos das forças estatais.
A polícia ainda não se pronunciou sobre as acusações.