Ao apresentar o Relatório Internacional sobre Liberdade Religiosa de 2019, nesta quarta-feira, 10, o secretário de Estado americano afirmou não haver “outra nação que se preocupe tão profundamente com a liberdade religiosa”, como os Estados Unidos.
“É um direito humano fundamental”, enfatizou Mike Pompeo, quem começou por revelar que, semana passada, o Presidente Donald Trump assinou um decreto que instrui o Governo a priorizar a liberdade religiosa.
O secretário de Estado acrescentou que Washington lançou a Aliança Internacional pela Liberdade Religiosa e o Departamento de Estado treinou os seus funcionários para entender melhor as questões de liberdade religiosa.
O documento aborda brevemente os ataques em Cabo Delgado e faz uma ligeira referência à situação de muçulmanos em Angola.
Ao fazer uma breve apresentação do relatório, Mike Pompeo destacou alguns países como a “Gâmbia, membro da Aliança pela Liberdade Internacional, levou ao Tribunal Internacional de Justiça os crimes contra os Rohingya” em Myamar, enquanto “os Emirados Árabes Unidos, aliados da liberdade religiosa no Médio Oriente, foram o primeiro país da região a permitir a construção de um templo da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”.
No Uzbequistão, ainda segundo Pompeo, foram tomadas medidas para melhorar a liberdade religiosa e garantiu que não houve qualquer ação policial contra grupos religiosos.
O secretário de Estado afirmou, no entanto, haver o que chamou de “uma grande escuridão em lugares onde pessoas de fé são perseguidas ou não têm o direito de exercer a sua fé”.
Como exemplos, ele apresentou o Governo da Nicarágua que “intimida líderes e fieis religiosos e profana espaços religiosos, com recurso dos agentes da lei, como procuradores” e a Nigéria, onde o Estado Islâmico e o Boko Haram continuam a atacar tanto muçulmanos como cristãos”.
Na China, ainda segundo Mike Pompeo, “a repressão patrocinada pelo Estado contra todas as religiões intensifica-se e o Partido Comunista Chinês obriga as organizações religiosas a obedecerem à sua liderança, além de impingir o uso de dogmas comunistas na sua fé”.
O secretário de Estado americano denunciou ainda “as detenções em massa de
em Xinjiang que continuam, bem como a repressão dos tibetanos e budistas, Falun Gong e cristãos”.
Na lusofonia
Nos capítulos individuais, o Relatório Internacional sobre Liberdade Religiosa de 2019, revela situações que aconteceram em 2019 em alguns países africanos de língua portuguesa, algumas delas noticiadas pela VOA.
Em Moçambique, por exemplo, o documento diz que “líderes religiosos a nível nacional e provincial continuaram a pedir tolerância religiosa e condenaram o uso da religião para promover a violência” e aponta como exemplo “os líderes muçulmanos que condenaram a violência em Cabo Delgado”.
Em Angola, o relatório refere ao encerramento de mesquitas e denúncias de alegada perseguição a muçulmanos e lembra que ativistas comemoraram a libertação em janeiro de 2019 de quatro muçulmanos alegadamente presos por motivação política.
“Os ativistas continuam a pedir uma revisão independente do caso de Jose Kalupeteka, líder do grupo religioso Luz do Mundo, condenado por assassinato em 2016", diz o documento.
“Ao longo do ano, funcionários da embaixada e do Departamento de Estado apresentaram ao Governo várias questões referentes à liberdade religiosa, incluindo o encerramento de locais de culto, resposta a pedidos de registo de igrejas pendente há muito tempo e a aprovação de uma nova lei de liberdade religiosa”, revela o documento.
No capítulo referente à Guiné-Bissau, o relatório refere a notícias reveladas pela imprensa com preocupações dos imãs com o aumento das escolas corâneas, novas mesquitas com imãs "não-unidos" e recrutamento online de jovens por parte de radicais religiosas, que podem “ameaçar tradição de tolerância religiosa do país".
Em relação a Cabo Verde, o Relatório Internacional sobre Liberdade Religiosa de 2019 do Departamento de Estado americano escreve “não haver qualquer incidente que afete a liberdade de imprensa no país” e cita líderes religiosos de São Tomé e Príncipe como tendo dito haver “boas relações entre os diversos grupos religiosos”.