Relatos de levantamento militar no Mali encerram embaixadas e prédios do Governo

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Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita (Foto de Arquivo)

Fontes diplomáticas e militares no Mali apontam para um motim numa base militar em Kati, perto da capital Bamako, tendo uma fonte do exército afirmado que militares pegaram em armas.

Um repórter local do serviço francês da VOA para África confirmou os tiros no mesmo quartel onde teve início o golpe que derrubou o antigo Presidente, Amadou Toumani Touré, em 2012.

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O serviço Bambara da VOA, citando uma estação de notícias local e outras fontes em Kati, relatou que o presidente da Assembleia Nacional e o chefe da Guarda Nacional foram presos.

A embaixada da Noruega revelou em comunicado ter sido “notificada de um motim nas Forças Armadas e que tropas estão a caminho de Bamako” e pediu aos seus cidadãos que fiquem em casa.

A embaixada francesa também emitiu uma nota em que afirma que “devido a prisões nesta manhã, na cidade de Bamako, recomenda-se que todos fiquem em casa".

As agências internacionais citam uma fonte de segurança como tendo dito “sim, motim. Os militares pegaram em armas”, enquanto outra fonte de uma empresa responsável da segurança de organizações não governamentais confirmou ter ouvido tiros perto do gabinete do primeiro-ministro.

Informações não oficiais indicam que oficiais, aparentemente irritados com uma disputa salarial, apreenderam um depósito de munições, tendo sido depois cercados por militares fieis ao Governo.

O gabinete do Presidente Ibrahim Boubacar Keita não se pronunciou ainda, enquanto um funcionário que preferiu o anonimato revelou que prédios do Governo foram evacuados.

Kalifa Naman, dirigente da televisão estatal ORTM, revelou que as instalações também foram evacuadas também, mas não houve qualquer ataque contra a emissora que continuava a transmitir programação gravida.

O Mali vive uma crise política e social há vários meses com manifestações multitudinárias lideradas por uma coligação da oposição que pede a renúncia do Presidente Keita depois de eleições consideradas fraudulentas, falhas no combate a grupos terroristas no norte e acusações de corrupção.

Uma delegação da CEDEAO tem tentado mediar as partes, mas sem sucesso.