Cerca de cinco mil guerrilheiros da Renamo deverão ser desmobilizados até dezembro e alguns analistas alertam para a possibilidade de novas tensões, se o Estado não os ajudar a reintegrarem-se economicamente na sociedade.
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A desmobilização do braço armado da Renamo está a ser feita em cumprimento do acordo de paz assinado com o Governo, particularmente o chamado processo DDR, o processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração.
Egídio Vaz diz que o Estado não se deve esquecer desses homens, que na altura da desmobilização recebem uma compensação financeira, mas dar-lhes outro tipo de sustentabilidade que os torne mais relevantes na sociedade.
"Estou a pensar, por exemplo, em alguns cursos técnicos vocacionais para que os guerrilheiros possam aprender a fazer alguma coisa, porque depois de 20 anos na mata, a única coisa que sabem fazer é sabotar", observou.
Vaz defende também a promoção de programas de agricultura e outros que permitam a reintegração, "e caso contrário, teremos tensões com esses homens".
O docente universitário Calton Cadeado, por seu lado, diz não saber o valor da compensação, mas entende que mesmo que seja um milhão de dólares, se não forem desenvolvidas outras ações que deem lucro a essas pessoas, do ponto de vista económico, a reintegração vai ser difícil.
Tratores em vez de enxadas
Muitos dos guerrilheiros, na altura da desmobilização, recebem uma enxada, mas Calton Cadeado sugere que se dê um trator para uma associação de pessoas da mesma zona.
Aquele investigar realçou que "com trator, eles podem lavrar a terra ou puxar troncos de madeira, e isso vai-lhes dar um outro tipo de compromisso com a paz, porque em caso de guerra, queimar trator é queimar a sustentabilidade deles".
Algumas correntes de opinião afirmam que o processo de desmobilização de guerrilheiros da Renamo, resultante da aplicação do Acordo Geral de Paz de 1992, fracassou por ter sido negligenciada a reintegração económica, defendendo ser necessário "olhar-se para a questão da transparência na distribuição das oportunidades, para evitar novas tensões".
Para o também docente universitário, Constantino Marrengula, este ponto de vista é defensável "porque a luta é pelas oportunidades que a Renamo acha que devem ser distribuidas, e se isso acontecer, toda a poeira vai passar".