O regresso à Guiné-Bissau de Carlos Gomes Júnior, antigo primeiro-ministro e candidato presidencial, em 2012, está a suscitar debate no meio político.
Depois do anúncio feito na terça-feira, 9, pelo Movimento de Apoio ao Regresso dos Exilados Políticos, a VOA registou opiniões de analistas e activistas sobre o impacto desse regresso.
Luís Vaz Martins, antigo presidente da Liga Guineenses dos Direitos Humanos, e que acompanhou de perto o golpe militar de 12 de Abril de 2012 e consequente partida forçada de Carlos Gomes Júnior, lembrou que “a lição que nós aprendemos na altura era que os militares podiam condicionar o rumo político do país e foi o que aconteceu.
Carlos Gomes Júnior volta numa altura de tensa situação politica, com eleições em perspectiva.
Para Martins, o antigo chefe do Governo e líder do PAIGC tem o direito de voltar ao seu país, mas reconhece que “a condição não lhe é propícia, embora nada justifique que um cidadão que pretende voltar ao seu país e não o poder fazer, por questões de segurança”.
Simões Pereira comenta
Por seu lado, o actual líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, disse que “a confirmar-se nós saudamos o regress”, porque “é um cidadão nacional que regressa ao seu país”.
No momento em que o PAIGC enfrenta uma forte crise interna, envolvendo, de um lado,o Presidente da República e o chamado grupo dos 15, e, do outro, a actual direcção do partido, questiona-se a quem beneficia o regresso de Carlos Gomes Júnior.
Candidato independente
“Não demostra, claramente, a quem beneficia o regresso de Carlos Gomes Júnior, a não ser que, por trás de tudo isso, esteja alguém ou o próprio PAIGC, ou o grupo dos 15 ou ainda o Presidente da República. Politicamente, qualquer um pode usar o seu regresso como uma carta para tirar o proveito e ganhar mais força nesta crise”, admitiu o analista politico Luís Peti.
Por agora, apoiantes de Carlos Gomes Júnior deixam a entender que o antigo candidato presidencial vai concorrer às próximas eleições.
Uma agenda que para Luís Peti pode carregar alguma implicação internas dentro do PAIGC.
“Ele pode aproveitar a simpatia dos dirigentes e militantes do PAIGC e criar algumas fricções internamente, caso avance como independente, tal como aconteceu com o antigo Presidente João Bernardo Vieira”, lembra Peti.
O regresso do antigo primeiro-ministro e líder do PAIGC, exilado entre Portugal e Cabo Verde, desde 2012, está previsto para o próximo di 18.