Os promotores da manifestação prevista inicialmente para este sábado, 26, em Luanda para protestar contra a nomeação de Isabel dos Santos para o cargo de presidente do Conselho de Administração da Sonangol e pelo fim da pressão sobre a justiça vão estar no Largo Primeiro de Maio para impedir que as pessoas se aproximam devido “à repressão por parte da ditadura”.
A informação foi avançada à VOA pelo jornalista e um dos promotores do evento William Tonet, que, no entanto, alerta o regime para o facto de estar a lançar a semente de futuras convulsões sociais em Angola.
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O comandante da polícia na capital António Maria Sita justificou a decisão de indeferir o pedido da manifestação com o facto de o Conselho das Igrejas Cristãs em Angola ter pedido a 28 de Setembro uma autorização para uma marcha no mesmo local requisitado pelos organizadores do protesto.
Ainda de acordo com Sita, o pedido de autorização da manifestação foi feito mais tarde e para evitar confrontos entre os dois grupos optou por autorizar apenas a marcha sobre "O papel da mulher religiosa na consolidação da paz em Angola".
Opinião diferente tem William Tonet, um dos promotores da manifestação, para quem “a ditadura revela ter medo da expressão popular”.
O jornalista diz que a comunicação foi entregue a 10 de Outubro e a lei estipula que, se num prazo de 48 horas, a administração não levantar qualquer impedimento, o direito está naturalmente garantido.
“O indeferimento é inconstitucional e ilegal não só devido aos timmings como ao facto de a lei deixar claro que nenhuma manifestação tem de ser autorizada, mas apenas comunidade às autoridades ”, adianta Tonet que justifica essa posição com “o medo do regime e a razão do mesmo radicar-se na força das armas”.
Repressão
Os promotores do evento decidiram não avançar com o protesto e dizem que amanhã vão estar no Largo Primeiro de Maio para pedir às pessoas que não se manifestem “para não colocarem em cheque a sua integridade física”.
O jornalista vai mais longe e lembra que “o regime espanca e mata todos aqueles que não forem do MPLA ou dos supermercados da fé, ou seja as igrejas, que se manifestam só a fazer do regime e do seu Presidente”.
Frente a este cenário de proibição, William Tonet revela que os promotores já intentaram uma acção junto da Procuradoria Geral da República contra o Governo provincial e a polícia”.
Futuro
Mais do que isso, continua Tonet, “dissemos às autoridades de que estão a lançar a semente da indignação e de futuras convulsões sociais porque não é possível que o regime oprima constantemente um segmento da população”.
O jornalista e professor universitário revela ainda que “no momento desta entrevista o perímetro do Largo Primeiro de Maio está militarizado e as casas de vários promotores estão a ser monitoradas pelas autoridades”.
Entre os promotores da manifestação estão também o antigo primeiro-ministro, advogado e professor universitário Marcolino Moco, o professor universitário Fernando Macedo e o músico e activista Luaty Beirão.