Refugiada síria carrega tocha olímpica no Brasil

Hanan Daqqah, refugiada síria

Hanan Daqqah diz sentir-se em casa no Brasil.

Bárbara Ferreira Santos

Uma refugiada síria de apenas 12 anos foi escolhida para carregar a tocha olímpica em Brasília, capital do Brasil, para representar o espírito olímpico de união, solidariedade e paz entre os povos.

Rodeada por brasileiros, Hanan Daqqah ergueu a tocha olímpica e conduziu-a por cerca de 200 metros na Esplanada dos Ministérios, no passado dia 3, em Brasília, no início do revezamento que percorrerá o país anfitrião dos Jogos Olímpicos marcados para Agosto.

Hanan Daqqah mudou-se para o Brasil com os pais e dois irmãos no ano passado para fugir da guerra que assola seu país natal.

Hoje, ela e afamília moram num pequeno apartamento com outras seis pessoas no centro de São Paulo, a maior cidade do país.

A família de Hanan vivia em Idlib, no norte da Síria, uma das cidades mais afectadas pela guerra.

Antes de chegar ao território brasileiro, eles viveram por dois anos no campo de refugiados de Al Zaatari, na Jordânia.

Como o tio da adolescente já morava em São Paulo, a família decidiu pedir o visto para o Brasil.

E Hanan adaptou-se bem ao novo país, aprendeu em apenas seis meses a falar português, estuda numa escola pública, faz aulas de ballet e um curso de costura.

Com um sorriso no rosto, ela diz que agora se sente segura e já se considera uma brasileira.

“Lá na Síria há muita guerra. A gente já se acostumou com o Brasil e é nosso país. Se eu, meu pai ou minha mãe voltarmos para a Síria vai ser por uns 10 dias e depois voltaremos para o Brasil e viver aqui mesmo. Aqui é a minha casa”, disse.

A adolescente foi escolhida pelo Comité Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016 para carregar a tocha a partir de uma proposta da Agência da ONU para Refugiados no Brasil.

A tocha vai passar por diversas cidades brasileiras até o começo das Olimpíadas, no dia 5 de Agosto, quando a Pira Olímpica será acesa.

Hanan conta que o convite para carregar a tocha olímpica foi uma surpresa e diz que está feliz por fazer parte desse momento histórico dos Jogos no Brasil, depois de ter passado por tanto sofrimento na Síria.

“Eu quase chorei. Eu estava como refugida, sem nada. E depois mudei para um país que não tem nada de guerra, as pessoas são boas”, regozijou-se.

A família de Hanan ainda tem mais motivos para comemorar. A mãe dela está grávida e no final deste mês a adolescente vai uma receber uma irmã brasileira.