Rebeldes do Mali dizem ter morto e ferido dezenas de soldados e mercenários Wagner

  • Reuters

Arquivo: Soldado tuaregue em cima de uma carrinha com uma metralhadora perto de Kidal, no norte do Mali, a 28 de setembro de 2016.

Os rebeldes tuaregues do norte do Mali afirmaram ter matado e ferido dezenas de soldados e mercenários do Wagner em dois dias de combates perto da fronteira argelina, depois de o exército ter dito que perdeu dois soldados e matou cerca de 20 rebeldes.

O movimento rebelde, o Quadro Estratégico Permanente para a Paz, a Segurança e o Desenvolvimento (CSP-PSD), declarou em comunicado no sábado, 27, que tinha apreendido veículos blindados, camiões-cisterna durante os combates na cidade fronteiriça de Tinzaouaten, na quinta e na sexta-feira.

O grupo rebelde afirmou também ter danificado um helicóptero, que se despenhou na cidade de Kidal, a centenas de quilómetros de distância.

O exército do Mali afirmou, em declarações, que dois soldados tinham sido mortos e dez tinham ficado feridos. Um dos seus helicópteros despenhou-se em Kidal, na sexta-feira, durante uma missão de rotina, mas não causou vítimas mortais.

Vários 'bloggers' militares russos referiram no domingo, 28, que pelo menos 20 elementos do grupo Wagner tinham sido mortos numa emboscada perto da fronteira argelina.

“Funcionários do Wagner PMC (Group), que se deslocavam num comboio com tropas governamentais, foram mortos no Mali (...) Alguns foram capturados”, disse um proeminente ;bloguer' militar russo, Semyon Pegov, que usa o nome War Gonzo.

O canal de notícias Baza Telegram, que tem ligações às estruturas de segurança da Rússia, informou que pelo menos 20 combatentes Wagner foram mortos.

A Reuters não conseguiu verificar de forma independente os relatos dos bloggers.

O Wagner desempenhou um papel proeminente em alguns dos combates mais ferozes da guerra da Rússia na Ucrânia, mas o seu futuro foi posto em causa quando o seu líder, Yevgeny Prigozhin, morreu num acidente de avião em agosto, dois meses depois de ter liderado um breve motim contra o sistema de defesa russo.

O Mali, onde as autoridades militares tomaram o poder em golpes de Estado em 2020 e 2021, está a lutar contra uma insurreição islâmica que dura há anos. O país afirmou que as forças russas não são mercenários Wagner, mas sim formadores que ajudam as tropas locais com equipamento comprado à Rússia.

O relatório de Baza afirma que os combatentes de Wagner estão no Mali desde, pelo menos, 2021.

Os tuaregues são um grupo étnico que habita a região do Saara, incluindo partes do norte do Mali. Muitos deles sentem-se marginalizados pelo governo do país.

O grupo separatista lançou uma insurreição contra o governo da junta do Mali em 2012, mas a rebelião foi mais tarde desviada por grupos islâmicos.

Assinou um acordo de paz com Bamako em 2015, mas o CSP-PSD abandonou as conversações no final de 2022.

(Reportagem de Tiemoko Diallo; reportagem adicional de Lidia Kelly em Melbourne; redação de Portia Crowe e Lidia Kelly; edição de Clelia Oziel)