O M23 continua a ganhar terreno no leste da República Democrática do Congo, devastado pela guerra, com mais cidades a caírem nas mãos dos rebeldes, disseram fontes à AFP no domingo, 30.
Kinshasa acusa o Ruanda de apoiar o grupo rebelde M23, liderado pelos tutsis, que se apoderou de vastas áreas do leste da República Democrática do Congo numa ofensiva lançada em 2021 - algo que Kigali nega.
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No domingo, 30, o M23 (Movimento 23 de março) avançou para a cidade de Kirumba, na província de Kivu do Norte, que tem sido abalada pela violência desde 2021, quando o grupo retomou a sua campanha armada na região.
O grupo também apoderarou-se de uma cidade estratégica no leste volátil da República Democrática do Congo, disse um funcionário local à AFP no sábado, 29.
"Kanyabayonga está nas mãos do M23 desde sexta-feira à noite", disse o funcionário administrativo sob condição de anonimato.
Kanyabayonga situa-se na frente norte do conflito na província de Kivu do Norte, que tem sido abalada pela violência desde 2021, quando o M23 (Movimento 23 de março) retomou a sua campanha armada na região. A cidade é considerada uma via de acesso aos grandes centros comerciais de Butembo e Beni, no norte.
Kanyabayonga alberga mais de 60.000 pessoas, bem como dezenas de milhares de pessoas que fugiram para lá nos últimos meses, expulsas das suas casas pelo avanço dos rebeldes.
Veja Também João Lourenço quer sentar Tshisekedi e Kagame à mesa de negociaçõesA cidade situa-se no território de Lubero, o quarto território da província do Kivu Norte em que o grupo entrou, depois de Rutshuru, Nyiragongo e Masisi.
"A população está lá (em Kanyabayonga), especialmente aqueles que se deslocaram do território de Rutshuru para Lubero", disse o funcionário administrativo. "Já não têm para onde ir, a desolação é total, a população está cansada", acrescentou.
Um residente disse à AFP que o M23 pediu aos residentes para ficarem em Kanyabayonga, durante uma reunião no centro da cidade realizada pelo porta-voz do M23, Willy Ngoma, no sábado. "Eles vão chegar a Kinshasa, até onde vamos continuar a fugir?", disse o residente, acrescentando que os rebeldes estão a "prometer-nos paz".
"Estamos a assistir a um afluxo de pessoas deslocadas de Miriki, Kirumba e Luofu para o Norte", disse o administrador militar do território de Lubero, o coronel Alain Kiwewa. "É uma situação que nos preocupa", acrescentou.
Fontes locais disseram à AFP na sexta-feira, 28, que os combates entre as forças congolesas e os rebeldes estavam a intensificar-se em torno da cidade.
Os habitantes das cidades fora de Kanyabayonga também testemunharam combates.
"Durante toda a noite soaram balas", disse um líder juvenil em Kayna, que fica a cerca de 17 quilómetros (10 milhas) a norte de Kanyabayonga. O líder dos jovens, que não quis dar o seu nome, disse que aqueles que tinham vindo da zona de Kanyabayonga para a cidade "passaram a noite debaixo das estrelas" e estavam com medo. "Já não sabemos a que santo recorrer", disse.
Em Kirumba, a cerca de 25 quilómetros (15 milhas) de Kanyabayonga, a população está em "estado de pânico", disse um líder da sociedade civil sob condição de anonimato. "Já não nos podemos mexer, para onde é que vamos? Não sabemos para onde ir", conta o residente.
Os confrontos "estão a provocar a deslocação de civis", afirmou o Gabinete Conjunto das Nações Unidas para os Direitos Humanos no seu relatório mensal de sexta-feira.
"As organizações humanitárias que prestam apoio às pessoas deslocadas suspenderam as suas actividades por razões de segurança", acrescentou.