RDC: Relatório da ONU diz que os rebeldes M23 planeiam capturar Goma

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    AFP

Zona de fronteira entre RDC e Ruanda

Peritos independentes que reportam para a ONU sobre a República Democrática do Congo disseram nesta sexta-feira que os rebeldes M23 planeavam capturar a cidade oriental de Goma para extrair concessões políticas.

Os recentes combates entre os rebeldes e as tropas da república Democrática do Congo (RDC) inflamaram as tensões regionais, com o governo de Kinshasa a acusar o vizinho Ruanda de apoiar o M23.

O Ruanda tem negado repetidamente a acusação.

Ambos os lados acusaram-se mutuamente de bombardeamentos transfronteiriços.

Na segunda-feira, 13, na mais recente escalada de violência, combatentes do M23 capturaram a cidade estratégica de Bunagana, na fronteira do Uganda.

Um relatório da equipa internacional de peritos da ONU sobre a RDC, datado de 14 de Junho, mas publicado na sexta-feira, sugeriu que a medida faz parte de um plano para estrangular o acesso a Goma e eventualmente capturar a cidade.

De acordo com entrevistas com seis membros do M23, o líder do grupo, general Sultani Makenga, planeou capturar Bunagana e duas outras cidades na província oriental do Kivu Norte "para cortar a estrada estratégica Goma-Rutshuru, e depois tomar Goma", diz o relatório.

A intenção é extrair concessões políticas que incluem amnistias, recuperação de bens, posições políticas e integração dos combatentes do M23 no exército congolês, de acordo com o relatório.

Goma é um importante centro comercial de cerca de um milhão de pessoas no leste da RDC, que se situa na fronteira com o Ruanda.

Uma milícia tutsi, principalmente congolesa, que é um dos muitos grupos armados no leste da RDC, a M23 saltou para a proeminência global em 2012, quando capturou brevemente a cidade.

Foi forçada a sair pouco depois, numa ofensiva conjunta das tropas da ONU e do exército congolês.

Depois de permanecerem “adormecidos” durante anos, os rebeldes retomaram os combates em Novembro passado, após acusarem o governo de não honrar um acordo de 2009 ao abrigo do qual o exército deveria incorporar os seus combatentes.

Os confrontos intensificaram-se em Março, provocando a fuga de milhares de pessoas.

O relatório dos peritos da ONU baseia-se em entrevistas com testemunhas e membros do governo, realizadas até 15 de Abril.

Afirma-se que o ressurgimento da violência por parte do M23 resultou em parte de negociações paradas com o governo congolês.