RDC: Coligação de Kabila ganha eleições legislativas e diminui poder de presidente eleito

Eleitores, Congo

Martin Fayulu diz que o resultado das eleições presidenciais foi viciado e recorre ao Supremo.

A Coligação do presidente Joseph Kabila, que está de saída do cargo, obteve maioria nas eleições legislativas da República Democrática do Congo, apesar da vitória do líder da oposição Felix Tshisekedi na votação presidencial realizada de 30 de Dezembro.

A Reuters, que reporta sobre o assunto citando um membro da Coligação, escreve que o resultado reduzirá a capacidade de Tshisekedi cumprir as promessas de campanha que representam uma ruptura com era Kabila.

A maioria parlamentar, que tem uma meia dúzia de partidos na Coligação de Kabila, reduzirá o espaço de manobra de Tshisekedi, na medida em que segundo a Constituição ela goza de poderes significativos.

Felix Tshisekedi

O presidente terá de nomear um primeiro-ministro vindo da Coligação, e este deve referendar as ordens presidenciais que nomeiam ou destituem chefes militares, juízes e presidentes de empresas estatais.

Tal conquista da Coligação alimenta igualmente a suspeita de que a vitória, anunciada na quinta-feira, tenha resultado de um acordo que preservará a influência de Kabila sobre importantes ministérios e forças de segurança.

Kabila deve deixar o cargo nos próximos dias após 18 anos no poder.

Recorde-se que Kabila já deu indicações de que pretende continuar envolvido na política e pode concorrer à presidência em 2023.

Martin Fayulu recorre

Entretanto, os advogados do segundo colocado nas eleições presidenciais, Martin Fayulu, devem recorrer ao Tribunal Supremo do Congo,neste sábado, 12, para apresentar uma queixa de fraude.

Martin fayulu

Fayulu alega ter vencido com mais de 60 por cento dos votos, e acusa Tshisekedi de ter feito um acordo com Kabila para ser declarado vencedor.

No final da manhã, cerca de 50 soldados da Guarda Republicana e policias cercaram a sua residência, fazendo com que dezenas de seus partidários, que protestavam contra Kabila e Tshisekedi, se abrigassem dentro da casa, disse uma testemunha da Reuters.

O grupo de Tshisekedi nega que tenha havido qualquer acordo com Kabila e diz que os encontros que manteve com os representantes do presidente depois da eleição foram feitos apenas para assegurar uma transferência pacífica de poder.