O político moçambicano Raúl Domingos alerta para a possibilidade de o grupo armado que ataca a província de Cabo Delgado se expandir para outras regiões de Moçambique, aproveitando-se da insegurança criada pela autoproclamada Junta Militar da Renamo, no centro do país.
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"Os terroristas estão muito ativos no norte e, muito facilmente, podem expandir-se para as zonas centro e sul do país, porque os homens do general Mariano Nhongo também estão muito ativos nas províncias de Sofala e Manica, tornando a zona bastante vulnerável", considerou Raúl Domingos.
Para o Presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), é preciso avaliar as reivindicações da Junta Militar, "algumas das quais estão sendo satisfeitas, no âmbito do processo de desmilitarização, desmobilização e reintegração (DDR)".
Veja Também Moçambique: Após conversações entre Nyusi e Magafuli, especialistas analisam papel da SADC na luta contra os insurgentesReferiu que "aquilo que se prende com problemas internos da Renamo, acho que é possível chegar-se a um entendimento, para a eliminação deste conflito, que pode ser um elemento perigoso para a expansão do grupo que está a actuar no norte do país".
Raúl Domingos, antigo guerrilheiro da Renamo, diz que para Moçambique, é bastante complicado enfrentar dois grupos armados em simultâneo, e defende a eliminação da Junta Militar, "porque se nós desmantelarmos este grupo, criamos condições para uma paz efectiva e para atacar os terroristas que estão no norte do país".
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Contudo, para o analista Tomás Rondinho, o combate à insurgência em cabo Delgado "está a ser difícil porque parece que não temos a contra-inteligência militar, os ataques acontecem de forma muito abusiva, o Estado não tem informação".
Por seu turno, o director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), Adriano Nuvunga, "isso acontece porque há questões importantes da governação que estão a falhar, e essas questões tem que ser atacadas".
Por outro lado, Raúl Domingos afirma ser fácil resolver o problema do general Nhongo, anotando que "basta a Renamo abrir-se ao diálogo, e a Renamo tem experiência de diálogo; foi capaz de dialogar com o Governo que era seu inimigo, e porquê não dialogar com a Junta Militar, que é uma dissidência da própria Renamo"?.
Refira-se que uma das reivindicações da chamada Junta Militar da Renamo é a demissão de Ossufo Momade do cargo de Presidente da Renamo, a quem acusam de desviar o processo negocial, com o Governo, dos ideais do falecido líder do partido, Afonso Dhlakama.
Veja Também Mariano Nhongo, suas exigências e potenciais interesses no conflito em MoçambiquePara o líder do PDD, pode-se encontrar um meio termo que passe pela realização, por exemplo, de um congresso extraordinário da Renamo "em que se coloca a possibilidade de uma moção de confiança ou não ao presidente, ou então permitir que existam outras candidaturas à presidência da Renamo".
A Renamo reitera que Ossufo Momade "foi eleito, e bem eleito, em congresso do partido", afastando, por conseguinte, a possibilidade de uma nova eleição, tanto mais que, afirma, não ter qualquer relação com a Junta Militar.