Em Moçambique, analistas dizem não acreditar que hajam motivações políticas por detrás da presente onda de raptos no país e que o facto de as principais vítimas serem indivíduos de origem asiática deve-se ao seu poderio económico.
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O Centro moçambicano de Integridade Pública(CIP) tem estado a acompanhar, atentamente, a questão de raptos, sobretudo o do empresário Mohamed Bachir Suleman, e diz ser estranho que até aqui os raptores não tenham contactado a família para exigir o dinheiro do resgate.
Baltazar Fael, jurista afecto ao CIP, instituição moçambicana defensora da transparência, boa governação e integridade, diz que, geralmente, os raptores, 48 horas depois de raptarem alguém, contactam a família para o pedir o resgaste, mas o que está a acontecer é que, até ao momento, não existe nenhuma evidência de que eles estejam a agir desta forma.
Mas, por outro lado, acrescentou o jurista, "estamos a receber informações do Quénia de que há traficantes de drogas que tinham ligações com ele e que estão a ser investigados, e isso levanta uma suspeita na sociedade".
Segundo ele, não parece haver motivações políticas por detrás da presente onda de raptos em Moçambique, "porque, até aqui, nenhum ministro, vice-ministro ou secretário permanente de algum ministério foi raptado".
Questionado sobre o facto de cidadãos de origem asiática serem as principais vítimas dos raptos, Baltazar Fael afirma que se deve ao seu poderio económico e financeiro porque "o que os raptores querem é dinheiro".
O sociólogo Francisco Matsinhe também não vê motivos políticos nesta questão e diz que os cidadãos de origem asiática são os alvos preferenciais dos raptores por terem muito dinheiro, alegadamente, fora do sistema financeiro nacional.
"Esses indivíduos guardam muito dinheiro em casa, e isso acaba estimulando os raptores", considerou Matsinhe, afirmando haver casos em que alguns desses cidadãos ficam com mais de 500 mil dólares em casa.
De referir que a família de Mohamed Bachir Suleman nega que ele tenha qualquer ligação com os indivíduos que estão a ser investigados no Quénia, por suspeitas de serem traficantes de droga.
A policia moçambicana diz também não haver qualquer ligação entre os dois factos.