O académico moçambicano José Mucuane diz que o rapto do jornalista Ericino Salema é “ totalmente catastrófico,” tendo em conta que ”nos últimos três anos o país tem um histórico de deterioração de direitos humanos”.
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Mucuane, que, em 2016, foi também vítima de violência de desconhecidos, diz que a imagem do país, que enfrenta uma grave crise financeira, será novamente beliscada.
“Infelizmente parece não haver nenhum esforço sério para a gente sair desta crise. E quando parece haver avanços para a paz, voltamos a ver este tipo de ataques”, diz o académico.
“É extremamente desolador viver num país onde podemos ser vítimas da violência por exercer os nossos direitos”, desabafa.
Aliás, diz Mucuane, “é típico de regimes autoritários, pseudodemocráticos, criar limites sobre o que se pode dizer”.
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Salema foi raptado e abandonado inconsciente hoje, 27, em Maputo, por indivíduos desconhecidos. A polícia confirmou o incidente e promete seguir o caso.
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“Tenho sérias dúvidas que vá ser esclarecido. Só para se ter uma ideia, no meu caso já passam quase dois anos e não ouvi mais nada,” diz Mucuane.
Este analista lamenta o facto de “nos últimos três anos não ter ouvido um pronunciamento muito forte do chefe de Estado em relação à violação dos direitos humanos (...) e o que tem dito é superficial”.
Mucuane sublinha que, tendo o governo moçambicano “um gravíssimo histórico de violação de direitos humanos, é estranho o chefe de Estado não levar (a questão) a sério”.