O rapper angolano Luaty Beirão, de nome artístico Ikonoklasta, foi libertado pelas autoridades portuguesas após ter sido interrogado no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.
Luaty foi constituído como arguido, sujeito a termo de identidade e residência, a mais leve medida de coação do sistema penal português.
O seu advogado, Luis de Noronha, disse à agência LUSA que “ele está apenas obrigado a informar a autoridade judicial de qualquer mudança de residência ou ausência do país por um período superior a cinco dias”.
Afirma, ainda, que “este caso levanta sérias reservas às autoridades policiais portuguesas e há fortes indícios da não prática do crime”.
De acordo com o produtor e amigo de Ikonoklasta, Pedro Coquenão, o cantor foi detido, na madrugada de terça-feira, quando "as autoridades alfandegárias portuguesas encontraram um pacote de cocaína, no pneu da roda da sua bicicleta, que havia despachado em Luanda, forrada em plástico, para trocar em Lisboa, onde a adquiriu".
Pedro Coquenão disse que ao recolher a roda do tapete rolante, Beirão "notou uma protuberância no pneu e a adulteração do forro de plástico" e foi de imediato abordado por agentes locais que o conduziram para um interrogatório.
O activista angolano Rafael Marques disse à VOA, baseado em contactos com amigos de Ikonoklasta, que o rapper foi inicialmente impedido de embarcar para Lisboa, devido a um problema não especificado, tendo sido posteriormente permitida a sua saída após autorização do comandante do serviço de fronteiras e de a DNIC (Direcção Nacional de Investigação Criminal) ter verificado a sua bagagem.
Marques diz que Luaty questiona porque razão a bagagem, que se limitava à roda de bicicleta, não levantou qualquer suspeita à DNIC em Luanda, e chegou a Lisboa com droga. O activista disse que muitas pessoas da sociedade civil e da oposição ao governo viajam sem babagem de porão, com receio de problemas causados pela introdução de objectos estranhos.