Organizações da sociedade civil investem na comunicação para reduzir casamentos prematuros em Moçambique e aproveitam o alcance que as rádios comunitárias têm no meio rural.
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No país de 25 milhões de habitantes, uma em cada duas raparigas casa antes dos 18 anos. O dado coloca-o no décimo lugar da lista de países com mais casos de casamentos prematuros no mundo.
Muitas dessas meninas casam com homens mais velhos e com aprovação dos pais ou guardiões.
Para inverter essa situação, diz a comunicadora Célia Claudina, “produzimos programas nas rádios comunitárias sobre as desvantagens que o casamento precoce tem na vida das raparigas”.
Os casamentos prematuros em Moçambique elevam a mortalidade e criam complicações como a fístula obstétrica, infecções por HIV e outras doenças de transmissão sexual. As meninas perdem também oportunidades de progressão social.
Os programas da Rede de Comunicadores e Amigos da Criança (Recac), coordenada por Claudina, abordam essas questões e são destinados particularmente aos pais e líderes comunitários.
“Eles começam a despertar para o real problema na questão das consequências do casamento precoce na saúde da rapariga”, diz Claudina.
Na Zambézia, segunda província mais populosa do país, com cerca de cinco milhões de habitantes, o Núcleo de Associações Femininas (Nafeza) recorre também à comunicação para travar o fenómeno.
Cândida Quintano, Coordenadora do Nafeza, diz que além dos país e líderes comunitários, a sua organização tem como alvo instituições públicas como a Procuradoria e os tribunais.
“O facto de ter uma política aprovada não significa que seja do domínio de todos”, diz Quintano, que também defende a responsabilização dos que apoiam os casamentos prematuros.
O trabalho da Recac e Nafeza faz parte da Estratégia Nacional de Prevenção e Combate aos Casamentos Prematuros, aprovada pelo governo e parceiros, este ano.
Claudina diz que a estratégia é uma boa oportunidade para acabar os casamentos prematuros, mas adverte que “não vai surtir os efeitos desejados se cada organização…o governo…agir sozinho. Tem que ser uma acção conjunta”.
A estratégia é apoiada, entre outros, pelas Nações Unidas em Moçambique.