As Nações Unidas declararam o 13 de Fevereiro como Dia Mundial da Rádio, o mais antigo meio de comunicação global.
A morte da rádio foi decretada muitas vezes, principalmente desde o surgimento da televisão na segunda metade do século 20 e, mais tarde, com os meios digitais de comunicação.
Na era das plataformas digitais e em que a digitalização também chegou à rádio, profissionais da comunicação consideram que ela se reinventou e continua a desempenhar um papel importante, particularmente em África.
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A rádio é o meio de comunicação social que atinge as maiores audiências, e, ao contrário do que se chegou a pensar, as novas tecnologias agilizaram a produção radiofónica transformando-a em quase instantânea, enquanto alargou a sua rede ao juntar as tradicionais ondas curtas, médias, frequência modulada e satélite ao streaming.
Agora, onde se vê a televisão e se lêem os jornais, ouve-se a rádio, num telemóvel.
A "rádio on tv" parece ser outro caminho a percorrer.
Um dos decanos da rádio em São Tomé e Príncipe, Máximo Carlos, considera que a digitalização permitiu a própria reinvenção do meio que, no seu país, “está presente nas rádios comunitárias, enquanto na rádio pública ainda vai a meio”.
Para Carlos,” a radio adequou-se a esta era e no geral teremos rádio por muito tempo, principalmente nos países em desenvolvimento, onde ocupa um papel central indo do local ao global”
A rádio é o mais instantâneo meio de comunicação e continua a ser “o mais fácil de operar”, na óptica do veterano jornalista cabo-verdiano Carlos Gonçalves, que aponta, no entanto, o facto de a própria rádio caminhar viver já a transmissão digital, ou seja sem recursos a transmissores, “o que amplia ainda mais o seu campo de acção”.
Informação de proximidade
Para Gonçalves, o imediatismo da rádio é ainda a marca deste meio de comunicação que continua ser o de maior proximidade com os factos no momento em que acontecem e o ouvinte”.
Na África, onde há muita falta de informação e não abundam os recursos, este meio de comunicação social ainda leva vantagem, tanto a nível dos temas de proximidade que trata, como da facilidade das pessoas em ter acesso à rádio.
O jornalista Renato Semedo apresenta, por exemplo, o caso do seu país, a Guiné-Bissau, “onde existem indicadores muito fortes de índices de subdesenvolvimento com o analfabetismo, informação sobre os cuidados básicos de saúde e sobre as questões climáticas e ambientes e temas sobre cidadania”.
Para Semedo, “a rádio, nesses casos, desempenha um papel quase insubstituível”.
Interligação de plataformas
A manutenção da audiência juvenil continua a ser uma preocupação dos fazedores da rádio.
O jovem profissional moçambicano, DJ Damost, da mais velha estação de FM do país, é de opinião que ”as novas tecnologias não vão tirar espaço à rádio porque continua com a sua missão de informar e educar”.
O DJ acredita na interligação com plataformas, como facebook e twitter, e dá como exemplo os seus programas que, além da rádio, tem repercussão nas redes sociais “porque as pessoas querem continuar a saber coisas”.
O tema do Dia Mundial do Rádio de 2017 é “O rádio é você!” e visa chamar a uma maior participação das audiências e comunidades nas políticas e planeamento da radiodifusão.