A decisão do passado dia 7 do Departamento de Estado americano de declarar como “terroristas globais” e impor sanções a cinco líderes de movimentos radicais islâmicos no continente africano levanta o debate sobre a existência ou não de movimentos radicais islâmicos em Angola, ainda que numa fase embrionária ou com apenas as chamadas “células adormecidas".
Analistas em Luanda divergem sobre essa eventualidade, mas apelam à vigilância dos serviços de inteligência.
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O especialista em assuntos africanos, Matias Pires, mostrou-se preocupado com o crescimento do islamismo, em Angola.
Em declarações à Rádio Nacional de Angola, Pires advertiu que o islão representa uma incógnita no seio dos angolanos e que muitas das suas acções contraria a tradição do país.
Entretanto, o professor universitário e especialista em relações internacionais Osvaldo Mboko avisa que não se pode confundir o Islão com actos terroristas que acontecem pelo mundo.
“O terrorismo ou acções terroristas não têm rosto e podemos ver que há actos terroristas pelo mundo que aconteceram e que não foram engendrados por pessoas que professam o islão”, lembra Mboko em conversa com a VOA.
Por seu lado, Matias Pires avisa que a grande preocupação são as escolas de iniciação ao Islão, onde, em muitos casos, crianças são retiradas do seio familiar para, eventualmente, servirem grupos radicais.
“Há receios desses filhos serem recrutados como soldados que amanhã possam radicalizar-se a nível de vários exércitos dos grupos terroristas que existem pelo mundo afora", lembra
Osvaldo Mboko, no entanto, defende que o Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), deve estar atento a qualquer a movimentação suspeita.
“Estes serviços possam saber controlar se esses indivíduos pertencem ou não a grupos radicais, pelo que professam e pela ligação que têm”, conclui aquele investigador.