Quenianos desaparecidos são libertados e grupos de defesa dos direitos humanos culpam as forças de segurança

  • AFP

Protestos no Quénia

Os três Quenianos foram, alegadamente, raptados por homens que se identificaram como polícias a 19 de agosto em Kitengela.

Três quenianos no centro de um caso de rapto de grande visibilidade foram libertados, afirmaram grupos de defesa dos direitos humanos na sexta-feira, 20, acusando as forças de segurança de os terem mantido em cativeiro durante semanas depois de terem participado em protestos antigovernamentais.

Os três foram, alegadamente, raptados por homens que se identificaram como polícias a 19 de agosto em Kitengela, cerca de 30 quilómetros a sul da capital Nairobi.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram dois dos homens, com um ar abalado, após a sua libertação numa zona remota na quinta-feira.

“Os nossos parceiros confirmaram a sua libertação”, disse à AFP Cornelius Oduor, da Comissão Queniana dos Direitos Humanos.

“As imagens mostram claramente que os homens estavam em perigo... Isso aponta para o facto de terem estado em cativeiro”.

Não há confirmação do local onde Bob Njagi, Aslam Longton e o seu irmão Jamil Longton foram detidos.

Mas Oduor disse: “Acreditamos firmemente que eles foram levados por agentes de segurança do Quénia.”

Os dois irmãos foram deixados numa área remota fora da capital Nairobi, de acordo com tweets do presidente da Sociedade de Direito do Quénia, enquanto Njagi se apresentou na esquadra de polícia de Tigoni.

O caso dominou os meios de comunicação social quenianos nos últimos dias, depois de um tribunal de Nairobi ter considerado o chefe da polícia em exercício, Gilbert Masengeli, em desrespeito por não ter comparecido para responder a perguntas sobre o desaparecimento dos três homens.

Foi-lhe dado um prazo até sexta-feira para comparecer em tribunal e evitar uma pena de prisão de seis meses.

“Acreditamos que (a libertação dos homens) tinha como objetivo fornecer motivos imediatos para (Masengeli) contestar a sua condenação”, disse Oduor.

A Autoridade Independente de Supervisão da Polícia afirmou que estava a analisar várias queixas de detenções ilegais e raptos na sequência dos protestos em grande escala contra o governo que eclodiram no Quénia em junho.

Mais de 60 pessoas morreram durante os próprios protestos, o que levou à demissão do chefe da polícia Japhet Koome.

Casos anteriores de rapto deram origem a protestos furiosos no Quénia.

Em fevereiro de 2023, três agentes da polícia foram condenados a penas que variam entre 24 anos de prisão e a pena de morte pelo assassínio brutal do advogado Willie Kimani e de duas outras pessoas.

Os seus corpos foram encontrados embrulhados em sacos e atirados a um rio nos arredores de Nairobi em junho de 2016.