Quase dois milhões de pessoas em risco de insegurança alimentar

Cruz Vermelha alerta para chegada das épocas das chuvas

Nove meses depois da passagem dos ciclones Idai e Kenneth pelo centro de Moçambique, a insegurança alimentar pode afectar dois milhões de pessoas e milhares correm o risco de enfrentar surtos de doenças nos próximos tempos.

O alerta foi dado pela Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), nesta saegunda-feira, 11, num comunicado no qual alerta que” cerca de 38 mil crianças estão já ou em risco de má nutrição".

"Sabemos que os desastres futuros são inevitáveis, não os podemos evitar, mas podemos reduzir significativamente o seu impacto se investirmos na capacidade humana local, ao aumentar o saneamento e as práticas de higiene e as infraestruturas, construindo abrigos mais fortes que possam proteger das tempestades climáticas", diz Jemilah Mahmood, secretário-geral adjunto para as Parcerias da IFRC, para quem a estação das chuvas que se aproxima será "uma ameaça real para a saúde destas comunidades, que estão já extremamente vulneráveis".

Para IFRC, a passagem dos ciclones deixou como uma das lições mais “dolorosas e pertinentes” para Moçambique a necessidade de investimentos que "reduzam o sofrimento humano e salvem vidas".

“Por isso apelamos aos governos, aos doadores e aos actores humanitários para fazerem mais na prevenção e na redução dos futuros desastres aqui em Moçambique", acrecentou Mahmmod, reiterando, no entanto, que a IFRC trabalhar junto das comunidades afectadas para preparar a estação das chuvas, “através da reconstrução de casas resistentes às inundações e aos ventos, apoiando as comunidades na prevenção de surtos de doenças e ajudando os agricultores a semearem colheitas mais fortes para combater a insegurança alimentar”.

A organização afirma ter dado assistência a mais de 192 mil pessoas.

Dados oficiais indicam que 714 pessoas morreram e mais de 2.8 milhões de pessoas foram afectadas pelos ciclones.