O Presidente russo Vladimir Putin afirmou, numa entrevista publicada na quarta-feira, que as críticas do líder francês Emmanuel Macron a Moscovo sobre a Ucrânia se devem ao "ressentimento" de perder aliados em África para o Kremlin.
Nas últimas semanas, Macron tem-se destacado entre os líderes ocidentais como um dos opositores mais vocais da Rússia, afirmando que "não há limites" para o apoio francês a Kiev e exortando os outros a não serem "covardes".
Your browser doesn’t support HTML5
As tensões entre a França e a Rússia sobre a influência em África aumentaram desde a década de 2010, quando o grupo militar privado de Moscovo, Wagner, foi destacado para áreas do continente tradicionalmente ligadas a Paris.
"Uma reação tão forte, bastante emocional, do Presidente francês está relacionada, entre outras coisas, com o que está a acontecer nos países africanos", disse Putin numa entrevista transmitida pela televisão estatal russa.
Putin afirmou que o problema da França com a Rússia não é a Ucrânia.
"O problema é diferente. É o conhecido grupo Wagner", afirmou.
A França está preocupada com o facto de a Rússia estar a "pisar o seu rabo" em África: "Penso que existe algum tipo de ressentimento".
Putin raramente menciona Wagner, cujo líder Yevgeny Prigozhin morreu num misterioso acidente de avião na Rússia em agosto do ano passado, cerca de dois meses depois de uma rebelião que se tornou a maior ameaça ao longo governo de Putin.
O Presidente russo afirmou que "os líderes de alguns países africanos só queriam negociar" com empresários russos e que "de alguma forma não queriam trabalhar com os franceses".
Putin diz que a Rússia não "coloca ninguém contra a França".
Até à ofensiva de 2022 na Ucrânia, o Kremlin negou a existência da Wagner, que foi acusada de crimes em África e na Ucrânia.