Protesto em Portugal pede justiça pela morte de Odair Moniz

Fotografia de arquivo

Decorrem dois protestos agendados para este sábado, 26, em Lisboa um organizado pelo movimento Vida Justa a favor de Moniz e outro pelo Chega, a favor dos polícias.

A manifestação organizada pelo movimento Vida Justa - em resultado da morte do luso-cabo-verdiano, Odair Moniz, no Bairro do Zambujal, que foi baleado por um agente da Polícia -, e outro pelo Chega decorrem este sábado na capital portuguesa, Lisboa.

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Morte de Odair na origem de distúrbios violentos em Portugal

Milhares de pessoas juntaram-se ao movimento Vida Justa, que reune ainda outros 80 movimentos e colectividades. Segundo a organização “é preciso fazer justiça e condenar a morte de Odair Moniz pela polícia”. O Vida Justa adianta ainda que “há demasiados mortos nas comunidades” e “é preciso acabar com a violência e a impunidade policial nos bairros” e que as “pessoas deixem de ser tratadas como não-cidadãos que podem ser agredidos e mortos”.

"Estamos cientes que o Chega, que defende que Portugal estaria melhor se os polícias matassem mais pessoas, está interessado em criar incidentes, mas a manifestação dos bairros é pacífica e responsável, mesmo quando as autoridades não o estejam a ser", sublinhou o movimento em comunicado.

João Ferreira, do partido Bloco de Esquerda, afirmou que o protesto que pede justiça representa "a grande maioria da visão que têm os portugueses". Os partidos Livre e PCP uniram-se também a esta manifestação.

Por seu lado, no protesto convocado pelo partido de extrema-direita português, Chega, apela-se ao respeito pelos agentes da autoridade e o seu trabalho que é “muitas vezes agredida e mal tratada”. O líder do Chega, André Ventura, afirmou que “há bairros onde a polícia não pode entrar por estarem cheios de bandidos”. O deputado do partido, Pedro Pinto, afirmou tratar-se de “um dia de festa”.

A organização Vida Justa decidiu alterar o percurso do protesto, que ocorre entre o Marquês de Pombal e os Restauradores, depois de as autoridades terem autorizado uma contramanifestação do Chega em direção ao Parlamento, o local inicialmente comunicado pelo movimento Vida Justa.

"O movimento da Vida Justa condena a decisão das autoridades de permitir que o Chega termine a sua contramanifestação no mesmo local da manifestação `Sem Justiça não há Paz` - na Assembleia da República. Por isso, o Vida Justa decidiu alterar o local de destino da sua manifestação para a Praça dos Restauradores", revela o movimento, em comunicado.

A polícia preparou um dispositivo forte de segurança para evitar confrontos e fez apelos à tranquilidade.

Odair Moniz, um cidadão de Cabo Verde, de 43 anos, morador no Bairro do Zambujal foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, tendo morrido horas depois no hospital. A PSP alega que Moniz pôs-se “em fuga” e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca". A polícia negou, posteriormente, que Odair Moniz tenha usado uma arma branca contra os agentes, tendo sido encontrada dentro do veículo.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos. O agente que baleou o homem foi constituído arguido.