Em carta aberta à Procuradoria da República, José Patrocínio, Coordenador da Omunga, denuncia a detenção dos 15 jovens activistas angolanos, acusados de insurreição e desobediência, e diz estar preparado para recolher às celas.
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“Peço que quando derem a ´luz verde´ para a minha detenção liguem-me (…) para que possa estar preparado com um banhinho tomado, unhas dos pés arranjados e a família perto para umas selfies para o facebook,” escreve Patrocínio.
Com a carta aberta, Patrocínio disse à VOA que pretende alertar o Governo para cumprir as leis e mudar de comportamento. No seu entender, a Procuradoria da República inverteu o seu papel ao tornar-se num veículo de má interpretação das leis.
“Estamos a mostrar o nosso descontentamento, que as instituições têm responsabilidade. A procuradoria tem a responsabilidade de proteger a legalidade”, reiterou.
Quanto aos jovens acusados de preparar uma insurreição e desobediência colectiva para depor o Governo e destituir o Presidente de Angola, Patrocínio diz que nem sequer deveriam ser julgados.
“Que sejam soltos e se houver julgamento que haja justiça,” apela Patrocínio.
Para ele, a detenção dos 15 jovens faz parte de uma manobra de distracção e intimidação engendrada pelo Executivo.
“O Governo quer desviar a atenção sobre a situação do país. Ficamos todos a concentrar a nossa atenção neste caso e vamos esquecendo do empréstimo da China e da situação de Cabinda”, argumenta.
Por outro lado, “isto chama atenção de que a qualquer momento podemos perder a liberdade por qualquer coisa que tenhamos dito”.
Patrocínio disse à VOA que desconhece as razões pelas quais é referido como provável Ministro da Reinserção Social, caso a desestabilização destitua o Governo de Angola.
“Se calhar porque muitas acções da nossa organização têm a ver com direitos à habitação, jovens em situação de decadência, mas não tenho capacidade para responder”, disse Patrocínio.
A Omunga, organização não-governamental coordenada por Patrocínio, foi criada como projecto de protecção das crianças de rua vítimas de maus tratos por parte das instituições públicas.