O Ministério Público de Moçambique diz haver infiltrados no sistema da justiça que dificultam o combate ao crime organizado na província de Tete, a braços com um fluxo de imigrantes ilegais e trafico de pessoas, de e para países vizinhos.
Analistas políticos consideram que a solução passa, sobretudo por sanear as instituições judiciais porque para, além disso, há também vários casos de corrupção envolvendo atores da justiça.
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O Procurador de instrução criminal no Ministério Público em Tete afirmou que para além de infiltrados, existem também atores da justiça que fornecem informações aos criminosos sobre as estratégias para o combate ao crime organizado na província, onde, nos últimos meses, foram neutralizadas varias dezenas de imigrantes ilegais.
Lucas Maria revelou que o tráfico de pessoas e a facilitação da imigração ilegal são, entre outros, os crimes organizados comuns em que estão envolvidos agentes da justiça e sublinhou ser necessária uma introspeção neste sector para acabar com esta situação, que pode perpetuar os casos de prática do crime organizado.
Veja Também Moçambique: OAM alerta que excesso de prisão preventiva é uma violação dos direitos humanosLucas Maria realçou que quem trabalha na área da justiça está sujeito a um sigilo profissional, anotando que onde forem identificadas situações incorrectas, é preciso responsabilizar os indivíduos envolvidos, "porque temos casos em que os atores da justiça se aliam aos malfeitores, revelando as estratégias que nós temos para o combate ao crime organizado".
Para o analista político José Machicame, para além disso, existem igualmente vários casos de agentes envolvidos em casos de corrupção, um pouco por todo o país, "e isso mostra a vulnerabilidade das nossas instituições, que precisam ser saneadas".
Veja Também Moçambique: Combate à corrupção do sistema judicial divide opiniõesO também analista político Dinis da Cunha diz que não basta lamentar, dizendo que há infiltrados e corruptos no setor da justiça, é preciso agir no sentido de acabar com isso.
"Eu penso que a Procuradoria da República deve usar todos os meios ao seu alcance para o esclarecimento desses casos, para não frustrar a expectativa dos cidadãos", sustena Cunha.
Por seu lado, o presidente da Associação Moçambicana de Juízes, Carlos Mondlane, assume que existem casos de corrupção e de outros crimes envolvendo atores da justiça e acredita que estas situações possam ser ultrapassadas "com um eventual instrumento que promova a ética e a deontologia profissional".