Primeiro-ministro japonês em Maputo com Ucrânia e cooperação na agenda

Primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida

Fumio Kishida tentará compreender a posição de neutralidade de Maputo em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia antes da cimeira do G7 a realizar-se em Hiroshima.

O primeiro-ministro do Japão reúne-se nesta quarta-feira, 3, em Maputo, com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, num encontro em que Fumio Kishida vai tentar perceber porque é que Moçambique continua a defender uma posição de neutralidade em relação ao conflito na Ucrânia.

Kishida deve anunciar, formalmente, a oferta de um navio de vigilância a Moçambique.

O chefe do Governo japonês está a fazer uma digressão por quatro países africanos, não só para reforçar as relações de cooperação, mas também expor a determinação de Tóquio, no âmbito do G7 (Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Canadá e Japão), em manter e fortalecer uma ordem internacional livre e aberta, baseada em regras.

O porta-voz do Governo japonês, Hirakazu Matsuno, destacou que a posição do G7 em relação à guerra na Ucrânia é diferente da de Moçambique e de muitos outros países da África Austral, que evitaram tomar uma posição quanto à invasão, ou mesmo demonstraram apoio à Rússia.

O analista político Fernando Lima diz que esta questão vai ser levantada durante o encontro entre Filipe Nyusi e Fumio Kishida, que dentro de poucas semanas receberá os lideres do G7, na cidade japonesa de Hiroshima.

Aquele analista avança que “nós sabemos que o G7 em relação à guerra na Ucrânia, tem uma posição diferente da de Moçambique e de uma parte importante dos países da África Austral, e o primeiro-ministro japonês vai tentar perceber porque é que o Presidente Nyusi continua a defender uma posição de neutralidade em relação ao conflito”.

A ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verônica Macamo, afirmou que Moçambique é um importante parceiro do Japão, sendo por isso que o Governo daquele país asiático decidiu oferecer um navio de vigilância e equipamento de navegação aérea, orçados em mais de 23 milhões de dólares.

Macamo realçou que Moçambique “manifesta o seu profundo apreço ao povo e Governo do Japão pelo continuo apoio aos esforços de desenvolvimento económico e social do nosso país e renovamos a nossa vontade de ver cada vez mais reforçadas as relações de amizade e cooperação”.

Entretanto, a resposta a este desejo foi dada pelo ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros do Japão, durante um seminário sobre investimento realizado nesta terça-feira, em Maputo, e que antecedeu o encontro entre Nyusi e Kishida, ao sublinhar que “Moçambique é um país para o qual o Governo japonês pretende trazer mais sustentabilidade para as suas potencialidades”.