A África do Sul vai usar a sua presidência do G20, a primeira de um país africano, para colocar as prioridades do “continente negligenciado” na agenda do poderoso fórum económico mundial, disse o Presidente Cyril Ramaphosa na terça-feira, 3.
O país assumiu a presidência rotativa do grupo das maiores economias do mundo a 1 de dezembro e acolherá a sua cimeira em novembro, antes de a transferir para os Estados Unidos.
Este é um “grande momento” para “colocar as prioridades de desenvolvimento do continente africano e, mais amplamente, dos países do Sul, mais firmemente na agenda do G20”, disse Ramaphosa numa conferência de imprensa.
Ramaphosa quer que esta presidência “tenha um sabor africano em termos de substância e das questões que serão abordadas”, insistiu.
Os membros do G20 - 19 países, mais a União Europeia e a União Africana (UA) - representam 85% do PIB mundial.
Até à entrada da UA em 2023, a África do Sul foi “a única voz africana durante muito tempo”, recordou o Presidente.
Outros países africanos, em particular a Nigéria, a outra grande potência económica do continente, juntamente com a África do Sul, devem ser incluídos “para que possamos fazer ouvir a voz de África, o continente negligenciado”.
“Temos uma voz, temos uma presença, vamos ser a maior história de crescimento nos próximos anos. E a nossa população vai crescer a passos largos”, sublinhou.
“O nosso continente vai fazer muito barulho. E queremos que este grande barulho seja reconhecido sob a forma de países que farão parte do G20 a partir de agora”, acrescentou.
As prioridades da África do Sul para a sua presidência incluem o reforço da capacidade de resistência às catástrofes face às alterações climáticas, a mobilização de financiamento para a transição para energias mais ecológicas e a resolução dos níveis insustentáveis de dívida que estão a travar os países de baixos rendimentos, muitos dos quais são africanos.
“Utilizaremos este G20 para defender a utilização de minerais essenciais como motor de crescimento e desenvolvimento do nosso continente, que é ricamente dotado destes minerais”, afirmou.
Os grupos de trabalho específicos centrar-se-ão também na redução das desigualdades, na segurança alimentar e no desenvolvimento sustentável.
Questionado sobre se estava preocupado com a passagem de testemunho para a administração de Donald Trump, Cyril Ramaphosa respondeu: “Haverá amortecedores suficientes para permitir que o G20 continue a funcionar de uma forma que promova os interesses do mundo”.