O presidente do Sindicato da Educação e Cultura na província de Benguela, José Joaquim Laurindo, foi vaiado por centenas de professores quando apelava à não adesão à greve convocada para os dias 5, 6 e 7 de Abril.
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O frente-a-frente aconteceu dias antes da reconfirmação da paralisação, com os Sindicatos dos Professores e do Ensino Não Universitário unidos contra a depreciação dos salários.
Numa assembleia testemunhada pelo director provincial da Educação, Samuel Malezi, o grupo de professores não gostou de ter visto o sindicalista agarrado ao discurso do Governo.
“Ainda há, lamentavelmente, professores em salários desde Janeiro. Notamos que o senhor presidente do Sindicato fala como se fosse do Executivo, mas não precisamos de lições de política’’, reclamaram vários professores.
José Laurindo afirmou que a solução do problema dos professores passa pelo crescimento da economia, provocando um clima de tensão que forçou o director da Educação a fazer um apelo ao respeito à hierarquia.
“Não acho que dizer que o país está sem dinheiro seja defender o Governo’’, reforçou Laurindo, perante a vaia de professores que gritavam e assobiavam num aceso clima de protesto.
Nada que o Sindicato dos Professores não estivesse à espera, tal como reafirma o seu secretário provincial, Armindo Cambelele, que aponta a actualização dos vencimentos como uma das cinco principais exigências.
“Vejamos que só o salário não é actualizado, ao contrário da água, da luz e até as telecomunicações. É o que pedimos, mas infelizmente notámos que um certo sindicato está a dificultar o exercício de um direito consagrado na Constituição’’, avança Cambele.
Entretanto, o secretário do Sindicato de Professores e Trabalhadores do Ensino Não Universitário, Vitorino da Silva, considera que a posição do Sindicato da Educação não vai fragilizar um movimento de sete anos de reivindicação.
“Pode ser que este sindicato tenha mais filiados em Benguela, mas a greve é nacional. Ela (greve) vai mesmo sair, e com sucesso’’, aponta Silva.
Refira-se que prestes a avançar para o novo concurso público, Benguela tem ainda centenas de professores sem salários há três meses devido a supostos problemas técnicos.