A UNITA, principal partido da oposição em Angola, diz que o Presidente da República está a ver fantasma onde não há, numa reacção ao pedido de João Lourenço para que os partidos se abstenham de radicalizar os jovens, usando-os como armas de arremesso contra os seus adversários políticos.
O PRS nega tal postura.
Na semana em que estão previstas manifestações em várias províncias contra o aumento do preço do combustível e o alto custo de vida, activistas dizem que esses protestos são fruto da frustação dos jovens.
Na segunda-feira, 12, ao intervir na abertura do Fórum Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação (Angotic), além de defender o bom uso das novas tecnologias de informação, o Presidente João Lourenço pediu aos partidos políticos que se "abstenham de radicalizar os jovens, usando-os como armas de arremesso contra os seus adversários políticos e, muito menos, contra a pátria".
Veja Também Angola: Organizações da sociedade civil preparam manifestações em todo o país, apesar do aumento da repressãoA conhecida activista Laurinda Gouveia diz que os novos protestos são fruto da frustração que os jovens angolanos carregam por conta da “falta de oportunidades e o elevado custo de vida” no país.
“Nós vamos sair às ruas, nós não temos mais nada a perder, ao invés de acalmar ainda vem provocar, esses pronunciamentos só trazem mais raiva e estamos saturados”, sublinha Gouveia.
Veja Também Governo angolano acelera atribuição de subsídio de combustível para evitar mais protestos, que já deixaram oito mortosGeraldo Dala, também activista, explica a onda de manifestações no país com o aumento dos preços dos produtos.
“Um saco de arroz já está a 15 mil kwanzas, o Presidente João Lourenço tem que deixar de ver fantasmas”, afirma.
No campo político, Benedito Daniel, presidente do Partido de Renovação Social (PRS), nega ter pago qualquer jovem para se manifestar contra o Governo.
Veja Também "Angola tem de investigar a morte dos manifestantes no Huambo", diz Human Rights Watch“Temos de convir que tudo o que os jovens fazem é da sua livre consciência, e fazem parte das suas reivindicações, portanto, nada de pagamento, pelo menos o PRS nunca fez isso e nunca o fará", garante Daniel.
Por seu lado, a UNITA, na voz do seu secretário para Comunicação e Marketing, Evaldo Evangelista, acredita que más condições sociais da população estão na base destas manifestações.
“O que está a despoletar esse mal estar a nível da juventude e da sociedade são as más políticas aplicadas pelo Governo do senhor Presidente João Lourenço, então senhor Presidente João Lourenço está aqui a ver fantasma onde não há fantasma”, conclui.
No sábado, 17, estão previstas manifestações em, pelo menos, 13 províncias angolanas devido ao aumento de combustíveis e do preço dos produtos da cesta básica, bem como da proposta de lei das organizações não governamentais que, segundo alguns dos seus líderes, tenta dificultar o trabalho dessas associações.