Presidente da Assembleia Municipal da Beira detido durante marcha de homenagem a Azagaia

Albano Carige, presidente do Município da Beira

Doze pessoas foram detidas e uma ficou ferida, mas Albano Carige promete mais marchas

O presidente da Assembleia Municipal da Beira, capital da província moçambicana de Sofala, foi detido neste sábado, 18, pela polícia quando participava na marcha de homenagem ao rapper Azagaia, falecido no dia 9.

Albano Carige, do partido Movimento Democrática de Moçambique (MDM) classificou de atropelo ao direito do cidadão consagrado na Constituição da República a repressão da polícia contra milhares de manifestantes, que resultou em mais 11 detidos e um ferido.

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Polícia impede manifestação por Azagaia

Apesar da comunicação oficial da marcha e do seu carácter pacífico, logo pelas primeiras horas da manhã, a polícia fortemente armada mobilizou-se em força nos locais estratégicos da cidade da Beira para impedir e dispersar a concentração de milhares de pessoas.

Devido a esse posicionamento policial, os manifestantes protestaram e houve tumulto, que resultou, até agora, no ferimento de uma pessoa atropelada quando pretendia fugir à polícia.

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África Agora: "Azagaia continua a ser um incómodo,” Bayano Valy, editor do Moçambique Insight

“A marcha foi impedida, vamos organizar mais, muitas pessoas pensam que recuar é derrota, mas não é derrota, é espírito de compreensão, vamos nos organizar”, disse o presidente da Assembleia Municipal Albano Carige.

Wilker Dias, activista social e um dos promotores da homenagem, disse ter ficado surpreendido com oforte cordão de segurança instalado pela polícia para impedir a realização da marcha, invocando à falta de segurança, não obstante ter garantido na quinta-feira no encontro que tiveram.

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Manifestação popular no velório de Azagaia

“Infelizmente hoje quando chegamos nos deparamos com esta situação, com as pessoas a ser impedidas de poder prosseguir com a marcha, razão pelas quais diziam, não existem condições operacionais. Isto foi praticamente para inviabilizar, isso é muito triste, a polícia a impedir marchar e bater nas pessoas, houve cidadãos agredidos e detidos em conexão com este assunto”, disse Wilker.

Aquele activista social acredita que acção da polícia, que havia garantido segurança aos promotores da marcha, tem motivações políticas.

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“Não acredito que seja a pretensão do comandante provincial e o sector em si, mas sim pode ser outras ordens emanadas que tinham que ser cumpridas”, concluiu.

Em Maputo, também a polícia reprimiu a marcha que pretendia homenagear o rapper e activista e mais de uma dezena de pessoas foram detidas e quatro ficaram feridas.

Marcha de homenagem ao rapper Azagaia na Beira, Moçambique

Em Chimoio, capital da província de Manica, a polícia impediu a marcha, dispersando muitos jovens que acudiram ao ponto de concetração.

O "símbolo do desassosego"

O músico e activista social Azagaia morreu no passado dia 9 em casa.

Baptizado de Edson da Luz, era bastante crítico de políticos no poder, tendo se tornado popular pela interpretação de temas de intervenção social como “as mentiras da verdade”.

Activistas, rappers e fãs reagiram com tristeza à notícia e encheram as suas páginas nas redes sociais com homenagens ao "símbolo do desassossego", cujas músicas ganharam repercussão nos demais países africanos de língua portuguesa.

O funeral dele, realizado no dia 14, levou à rua uma multidão de pessoas e a polícia também usou gás lacrimogénio.

Em decorrência, a Human Rights Watch (HRW) pediu uma investigação ao uso de gás lacrimogéneo a durante o cortejo fúnebre.

“As autoridades moçambicanas devem investigar rápida e imparcialmente o uso de gás lacrimogéneo pela polícia no cortejo fúnebre de um famoso ‘rapper’ no dia 14 de março de 2023, em Maputo”, pediu em comunicado na altura aquela organização internacional de defesa dos direitos humanos.