Presidente angolano tenta levar RDC e Ruanda à mesa de negociações

João Lourenço

João Lourenço reconhece que não há condições para dirigentes desses dois países se reunirem e chama chefes dos serviços secretos a Luanda

A capital angolana, Luanda, reúne este sábado, 5, dois encontros entre os serviços de Inteligência e dos ministros dos Negócios Estrangeiros da República Democrática do Congo (RDC), do Ruanda e de Angola.

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João Lourenço tenta mediar cescente conflicto entre Congo Democrático e Ruanda – 2:46

Os encontros foram sugeridos na quarta-feira pelo Presidente angolano na qualidade de mediador do conflito que opõe a RDC e o Ruanda, e que resultou na expulsão, na passada semana, do embaixador de Kigali de Kinshassa.

Ao intervir na Reunião da Mesa da Assembleia da União Africana (UA), realizada por videoconferência, João Lourenço afirmou que a tensão actual entre os dois países vizinhos não permite reunir os seus Presidentes pelo que o diálogo terá de ser feito a nível ministerial e de peritos.

"Acordamos, com a RDC e o Ruanda, que no próximo sábado os serviços de inteligência dos dois países e o de Angola rse eúnam em Luanda”, disse.

“A intenção é que as partes afiram, do ponto de vista técnico, o que está realmente a acontecer no terreno”, revelou o estadista angolano, quem insistiu que "as partes devem dialogar".

João Lourenço informou que fez deslocar a Kinshasa (RDC) e Kigali (Ruanda) o ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, com este objectivo tendo-se reunido com os dois chefes de Estado.

"A situação é de facto bastante tensa", sublinhou o Presidente angolano, que aconselha o diálogo para baixar a tensão.

João Lourenço manifestou-se satisfeito pelo facto de o Quénia "dar mais um passo para a solução deste conflito que coloca em lados opostos dois países irmãos".

Ele apelou à conjugação de esforços para pôr cobro à crescente tensão que se verifica nas últimas semanas entre os dois países.

Após lamentar a situação, informou que a RDC está "muito sentida" com o que está a acontecer no seu próprio território, tendo exortado à máxima contenção nas medidas a tomar pelos dois países.

O investigador Francisco Tunga Alberto defende, entretanto, que a solução do conflito entre a RDC e o Ruanda não depende dos seus presidentes, mas das antigas potências coloniais que, segundo afirmou, “têm interesses económicos na região mais rica do mundo em recursos naturais”.

A tensão entre a RDC e o Ruanda cresceu nos últimos meses, após o reinício, em Março último, dos combates entre o exército da RDC e o movimento M23, de etnina Tutsi que segundo as autoridades de Kinshasa é apoiado pelo país vizinho.