A China tem sido um parceiro estratégico e tradicional de Moçambique e o investimento de Pequim tornou-se mais visível sobretudo a partir da última década. Mas ainda não pode ser considerado um investidor em Moçambique.
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Em termos reais, o investimento chinês corresponde a cerca de dois por cento do Investimento Directo Estrangeiro(IDE) em Moçambique.
Analistas advertem, no entanto, que as autoridades moçambicanas devem criar condições reais para que Moçambique tenha maior controlo dos investidores, sobretudo chineses, cujas empresas não têm sido devidamente escrutinadas no país.
Para observadores, esta realidade mostra que a China ainda não é um grande investidor em Moçambique, mas é um actor importante, sobretudo pela qualidade do investimento que faz nas áreas de infra-estruturas, indústria, agricultura e outros.
Nesta cooperação, dizem as mesmas fontes, é fundamental que a questão da transparência seja observada, uma vez que muitas das empresas chinesas, pelo nível do investimento que fazem, não estão a ser escrutinadas.
Jorge Matine, investigador do Centro de Integridade Pública(CIP), instituição moçambicana dedicada à transparência e boa governação, destacou que a indústria da madeira no país, "é muito complexa, com bastantes zonas de penumbra porque a madeira está a ser exportada, mas os ganhos para o país são muito poucos".
"Não sabemos qual é a contribuição da indústria madeireira na economia do país, e eu penso que neste momento a grande responsabilidade está em Moçambique, porque é o país que deve criar condições reais para que tenha maior controlo e maior regulação dos investidores", realçou.
Refira-se que empresas chinesas têm sido acusadas de práticas incorrectas nos seus negócios em Moçambique, sobretudo na exploração de recursos florestais e faunísticos, muitos dos quais são exportados de forma fraudulenta.
Entretanto, para o economista Francisco Cumba, o investimento chinês traduz a política externa da China e a sua projecção de poder em África, dado que Pequim assume-se como um dos principais agentes de intervenção numa cooperação que se pretende mutuamente benéfica.
Cumba não acredita que, pelo menos a curto prazo, a China possa substituir, com eficácia, outros parceiros de desenvolvimento, mas defende a necessidade de Moçambique diversificar as suas relações de cooperação.
Em Junho passado, Moçambique e a China assinaram um acordo geral para os próximos três anos nos sectores económico, técnico e comercial, no âmbito da cooperação entre os dois países.