O novo primeiro-ministro são-tomense, Américo Ramos, disse na sua tomada de posse nesta terça-feira, 14, que o país não pode continuar a permitir que ódios, perseguições ou divisões continuem a ditar ou a adiar o seu futuro.
O Presidente da República, Carlos Vila Nova, também aproveitou a cerimónia de posse dos 11 membros do Governo para defender a necessidade de permanente lealdade institucional entre o Chefe de Estado e o primeiro-ministro.
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A posse acontece no meio de uma crise da Ação Democrática Independente (ADI), partido maioritário na Assembleia Nacional.
Américo Ramos afirmou que o seu Executivo está assente em três pilares fundamentais.
Veja Também STP: Novo Governo de Américo Ramos empossado terça-feira“Um Governo com todos e para todos, um Governo mais pequeno e com menos custos, um Governo estável e em dialogo harmonioso com todos“, destacou o primeiro-ministro que prometeu eliminar gastos desnecessários.
Ramos comprometeu-se também em acabar com o ódio e a divisão que, segundo ele, têm marcado a política local.
Veja Também “Golpe de Estado palaciano” em São Tomé e Príncipe, diz ADI“É imperativo restaurar a confiança entre os são-tomenses, entre o povo e o Estado. Não podermos permitir que o ódio, a perseguição ou divisão continuem a dita e a adiar o nosso futuro”, apelou o novo chefe do Executivo.
Por seu lado, o Presidente da República deixou o seu compromisso com a estabilidade e o bom relacionamento institucional, afirmando estar "pronto para manter um diálogo franco e positivo com o Governo".
Veja Também Primeira-ministra indigitada de São Tomé e Príncipe renuncia ao cargoCarlos Vila Nova pediu ao primeiro-ministro uma governação "sem arrogância, empenhada e dialogante".
O antigo primeiro-ministroPatrice Trovoada não esteve na cerimónia nem se fez representar.
Há cinco dias deixou o país.
Oposição exige
Vila Nova lamentou que “também desta vez não haverá passagem de pasta entre o novo primeiro-ministro e o primeiro-ministro cessante”, mas frisou que ter recebido mensagens de solidariedade dos parceiros de cooperação face à crise instalada com a demissão do Governo.
Veja Também PR são-tomense rejeita nome proposto para primeiro-ministro pela ADI que submete mais três figuras“Mantive contatos com vários chefes de Estado da CPLP e de países da sub-região que me transmitiram solidariedade neste processo", concluiu.
O novo Governo já esta em funções, mas mantêm-se as tenções políticas face à divisão no maior partido do parlamento, ADI, que tem agora duas alas, uma liderada pelo novo primeiro-ministro, Américo Ramos, e outra chefiada por Patrice Trovoada líder do partido.
Veja Também ADI vai ao Tribunal Constitucional contra decisão de PR que acusa de forjar crise políticaO MLSTP-PSD, o segundo maior partido do Parlamento com 18 deputados, que deverá garantir sustentabilidade ao novo Governo da ADI , definiu quais devem ser as prioridades da ação governativa, “entre elas a clarificação judicial do caso 25 de novembro de 2025 em que quatro civis foram torturados até morte por envolvimento numa alegada tentativa de golpe de estado”, de acordo com Alcino Sousa, da Comissão Política daquele partido.
Retrospetiva de uma crise
De recordar que a ADI, com Américo Ramos secretário-geral e Patrice Trovoada Presidente, apoiou em 2021 a eleição de Vila Nova ao cargo de Presidente da República.
Em 2022, Trovoada também foi eleito primeiro-ministro após mais de três anos de ausência em São Tomé e Príncipe por alegada perseguição política.
Veja Também ADI recusa indicar novo primeiro-ministro e pede eleições antecipadas em São Tomé e PríncipePassados dois anos na chefia do Governo, manifestou interesse em alterar o regime de governação para sistema presidencialista e admitiu ser candidato as eleições presidenciais de 2026.
No passado dia 6, Vila Nova demite Patrice Trovoada alegando “deslealdade institucional, incompetência e prolongadas ausências do território nacional”.
Na sequência da demissão o líder da ADI tentou formar outro Governo, mas deparou-se com o partido dividido em duas alas.
“O Presidente Vila Nova escolheu um primeiro-ministro da sua cumplicidade depois de descobrirmos um complô no partido”, afirmou Trovoada que acusa o Chefe de Estado de golpe de Estado palaciano e de ter forjado uma crise política e violado a Constituição da República para formar um Governo da sua iniciativa.
Para o líder da ADI, o que está em jogo são as eleições presidenciais de 2026 e deixou recados a Vila Nova.
“Para ter o sufrágio universal ao seu favor, você não cria uma situação de golpe de Estado palaciano”, afirmou.
Até agora Vila Nova não reagiu às criticas de Patrice Trovoada proferidas nesta segunda feira, 13 de janeiro.