O Presidente da República e o líder da Renamo continuam a manter posições distantes sobre a situação actual em Moçambique, apesar de ambos insistirem que querem encontrar uma solução. Ontem Dhlakama disse ir propor ao Presidente da República a criação de autarquias em todas as províncias, mas Filipe Nyusi já disse que não vai tomar nenhuma medida contra a Constituição da República.
Alguns analistas dizem que em Moçambique há sinais de que poderá haver uma confrontação militar resultante do endurecimento do discurso pelos principais actores políticos moçambicanos, a Frelimo e a Renamo, que continuam a não se entenderem na mesa das conversações.
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Uma radicalização de posições tem vindo a notar-se, sobretudo depois da reprovação, pela Assembleia da República, do projecto da Renamo sobre as autarquias provinciais, adensando ainda mais o clima de tensão que se vive no país.
O analista político e presidente do Conselho de Administração do grupo privado de comunicação social Media Coop, Fernando Lima, diz notar com preocupação um discurso endurecido do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, presentemente, em digressão pelas regiões centro e norte de Moçambique.
"Noto, com preocupação, que o Presidente da República Filipe Nyusi responde no mesmo tom, ou seja, em fazer "presidências abertas" não só em áreas não visitadas por Afonso Dhlakama, mas agora também em áreas visitadas pelo líder da Renamo", assinalou o analista.
Contudo, Lima acredita que ambas as partes hão-de encontrar uma saída política para este clima negativo que não ajuda a paz e a tranquilidade e que também não favorece o ambiente económico que os moçambicanos precisam para que o país se desenvolva.
Para Baltazar Fael, jurista afecto ao Centro de Integridade Pública(CIP), instituição moçambicana vocacionada à promoção da transparência e boa governação, tudo deve ser feito para evitar uma eventual confrontação.
Por seu turno, o politólogo Lázaro Mabunda diz também notar com preocupação uma radicalização das posições, sobretudo, por parte do Chefe de Estado moçambicano.
Recorde-se, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, tinha anunciado um acordo político com o Presidente Filipe Nyusi, dentro de 45 dias, o que, no entanto, foi desmentido pelo Presidente da República.