Portugal: Líder da Aliança Democrática, sem maioria, assume que fará Governo

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Luis Montenegro, líder da Aliança Democrática, vencedora das eleições legislativas em Portugal, Lisboa, 8 março 2024

Partido Socialista tem menos dois deputados e vai para a oposição.

A Aliança Democrática (coligação formada pelo Partido Social Democrata, Centro Democrático Social – Partido Popular e Partido Popular Monárquico) ganhou as eleições legislativas antecipadas em Portugal este domingo, 10, mas sem uma maioria absoluta.

Luis Montenegro, na sua primeira ida a eleições como candidato a primeiro-ministro, saiu vencedor, mas com uma margem muito pequena.

O Partido Socialista (PS), atualmente no poder, afirmou assumir a oposição depois de nove anos no Governo.

Entretanto, o partido da extrema-direita, Chega, liderado por André Ventura, é apontado pelos analistas políticos como o grande vencedor ao conseguir 48 deputados que o coloca como terceira força política.

O Partido Comunista Português (PCP), que lidera a Coligação Democrática Unida (CDU), foi um dos grandes derrotados, descendo de seis para quatro deputados.

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Com 98,98% das urnas apuradas, a AD, com 29,50 por cento dos votos, ganhou 79 cadeiras na Assembleia da República, num total de 230, seguida do PS, com 28,66 por cento, o equivalente a 77 deputados.

O Chega, o partido que mais cresceu, foi o terceiro mais votado, com 18,06 por cento.

O quarto partido, que já assumiu juntar-se à AD na formação do Governo, a Iniciativa Liberal (IL), conseguiu 8 deputados, seguida do Bloco de Esquerda, com 5, CDU, com 4, Livre, 4, e PAN, que consegue um deputado.

Os quatro deputados na imigração ainda não foram definidos. A contagem deverá ocorrer durante os próximos dias.

Próximo Governo

O líder da AD, Luís Montenegro, pronunciando-se depois de conhecidos os resultados, disse esperar ser convidado em breve pelo Presidente da República para formar Governo, com a maioria que os votos lhe deram.

"O que direi é que estamos prontos para iniciar a governação, estamos prontos para mudar de Governo e de políticas", afirmou, assumindo estar "consciente" de que a governação, em certos momentos, "tem de passar pelo diálogo".

Como prometeu durante a campanha, Montenegro reiterou que não vai coligar-se com o Chega, para viabilizar uma maioria estável no Parlamento.

Entretanto, mesmo com a coligação da IL, a AD não tem a maioria dos votos que lhes assegurem a aprovação do programa de Governo e do Orçamento Geral do Estado. Caso o orçamento não seja aprovado pela maioria, o país poderá ir novamente a eleições.

Para tal, Montenegro pediu compromissos.

Governo à direita

Montenegro disse que "há várias divergências, o que se pede ao PS não é que adira às nossas propostas e que respeite a vontade do povo.".

Por seu lado, o secretário-geral do PS, que substituiu o primeiro-ministro demissionário António Costa, reconheceu a derrota, felicitou a AD e disse que foi uma "campanha extraordinária, cheia de força".

"O Partido Socialista será oposição, renovaremos o partido e procuraremos recuperar os portugueses descontentes com o PS. Essa é a nossa tarefa", disse Pedro Nuno Santos.

O líder do Chega disse que “agora é tempo de responsabilidade”. “Desta vez, o povo disse o que queria, e pediu à direita para governar. O nosso mandato é para governar Portugal", afirmou André Ventura.

Ventura acrescentou que "não é o que queríamos, mas é o que o país tem neste momento". "Só um líder e um partido muito irresponsável deixarão o PS governar quando temos na nossa mão a possibilidade de fazer um governo de mudança", lembrou.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ainda não se pronunciou.