Trinta trabalhadores transferidos de forma compulsiva do Porto Comercial do Lobito, na província angolana de Benguela, para uma operadora privada, denominada ‘’Timoneiro’’, podem paralisar a actividade portuária na próxima sexta-feira, 3 de Agosto, devido a cortes de subsídios e outras regalias.
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A ameaça de greve, três dias antes de uma assembleia de trabalhadores, serve ainda para pressionar a direcção do Porto a acatar uma decisão judicial que ordena o seu reenquadramento na empresa pública, de onde saíram há mais de dois anos.
A oito anos do fim do contrato de concessão do trabalho de atracagem de navios com contentores, a ‘’Timoneiro’’, tida como uma firma fictícia, enfrenta a contestação dos funcionários revoltados com o Conselho de Administração do Porto, acusado de ignorar uma decisão do Tribunal do Lobito.
Se os portuários avançarem para uma greve, conforme se aventa que venha a acontecer na assembleia, não haverá movimentação de barcos naquela empresa do maior corredor económico de Angola.
‘’Os meios estão lá, tal como as cláusulas de concessão, mas o pessoal não é protegido, nada salvaguarda a nossa posição. Saímos da empresa mãe e perdemos os subsídios e os alimentos. Por isso, reclamámos assim que nos falaram em empréstimo, fomos a tribunal e ganhámos a causa, mas até agora não fomos reinseridos. Portanto, podemos mesmo fazer greve, tudo vai parar, somos o cérebro do Porto’’, dizem, sob anonimato, funcionários que subscreveram o caderno reivindicativo.
O Conselho de Administração do Porto do Lobito, em funções há menos de um ano, prometeu uma nota à comunicação social, com detalhes sobre a sua posição face à ordem judicial, mas até ao momento em que expedíamos esta peça o documento não tinha sido distribuído.
A morte de dois jovens reduziu para 30 o grupo obrigado a avançar para a operadora privada, que presta serviços em todos os portos de Angola, conforme apurou a VOA.
A Empresa Portuária do Lobito, que afastou recentemente centenas de trabalhadores fantasmas da folha salarial, é um dos canais utilizados na transportação do manganês da República Democrática do Congo para o continente asiático.