Os moradores, que há 14 dias paralisaram em protesto a mina de carvão Moatize II, explorada pela mineradora Vale Moçambique, na província de Tete, reiteraram nesta quinta-feira, 18, que as máquinas não voltarão a funcionar sem a prévia solução das suas exigências.
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A população invadiu a 4 de Outubro uma das quatro secções da mina a céu aberto em Moatize, que corresponde a um terço das operações da multinacional brasileira Vale, para exigir a paralisação dos trabalhos devido a altos níveis de poluição e ruídos das detonações, ambas prejudiciais à saúde.
Cerca de 200 manifestantes dos bairros Nantjere, Bagamoio, Primeiro de Maio e Liberdade entraram mina adentro para impedir a danificação das suas habitações.
“Estamos cansados”, precisou Herculano Simão, um morador do bairro Bagamoio, salientando que várias das suas reivindicações, apresentadas cordialmente à empresa Vale e ao Governo local, “nunca foram atendidas”, enquanto “degrada-se a saúde da população pelo consumo de poeira de carvão”.
Um responsável da comunidade de Nantjere, que foi recebido por uma comissão da Vale no início da greve, reiterou que as máquinas apenas voltam a operar quando houver um acordo com a mineradora, para a solução dos problemas, mostrando abertura para as negociações.
“Os estrondos são ensurdecedores e a mina opera muito perto de uma zona habitada”, reivindicou Maxwel Abreu, que, insiste num reassentamento urgente dos moradores, para minimizar os danos provocados à saúde da população, que consome há anos a poeira de carvão.
A Vale, no entanto, mantém o diálogo com a população e reforçou medidas para aliviar a poluição nas restantes minas operacionais desde os protestos, que incluem o “aumento da umectação das áreas de lavra para a redução das poeiras”, informou a mineradora numa nota de imprensa.
Vale dialoga
“A Vale informa que está em conversações com o Governo e as comunidades da Vila de Moatize sobre as questões apresentadas pelos moradores dos bairros circunvizinhos, referente a eventuais impactos ambientais das suas operações”, esclareceu.
A greve dos moradores, que já foi repelida pela Policia nas ocasiões anteriores, tem apoio de várias organizações da sociedade civil.