Política na América: Ucrânia no centro de debates e acusações

  • VOA Português
Marco Rúbio diz que objetivo da política americana é levar a Rússia à mesa de negociações para saber o que Moscovo quer

O Presidente dos Estados Unidos vai discursar numa Sessão Conjunta do Congresso e ao povo americano nesta terça-feira, 4, um ritual da política americana que, neste ano, tem características diferentes devido à política da sua Administração de reduzir gastos orçamentais, através da suspensão da ajuda externa, eliminação de agências federais como a USAID e redução do Governo federal.

Your browser doesn’t support HTML5

Política na América: Ucrânia no centro de acesos debates - 5:35

No que diz respeito à política externa, as atenções estarão viradas para as relações comerciais com os países vizinhos a quem foram aplicadas taxas alfandegárias aos seus produtos e, principalmente, para as relações com a Ucrânia, tendo em conta o que aconteceu na Casa Branca na semana passada quando os dois presidentes, Donald Trump, e Volodomyr Zelenskyy envolveram-se numa discussão depois de o vice-presidente JD Vance ter acusado Zelenskyy de desrespeitar a Presidência americana e de ser mal agradecido para com a ajuda dos Estados.

Trump acusou Zelenskyy de não querer a paz e suspendeu, na segunda-feira, 4, a ajuda americana à Ucrânia

Your browser doesn’t support HTML5

Ucrânia e Gaza: Possíveis tópicos do discurso de Trump ao Congresso

O confronto verbal na Casa Branca foi algo que continua a provocar acesas discussões, refletindo as profundas divisões partidárias no país.

Jonathan Capehart, do jornal Washington Post é um dos críticos, e afirmou que “o que vimos na Sala Oval foi horrível, desprezível, não há palavras para descrever o que vimos, onde presenciámos um vice-presidente que nunca esteve na Ucrânia a dar uma palestra a um Presidente em guerra que foi claramente convocado à Casa Branca para ser humilhado no palco mundial ou em nome ou para benefício de Vladimir Putin na Rússia”.

Veja Também Presidente Trump suspende ajuda à Ucrânia

“Eu dou ao Presidente Zelensky muito crédito por se ter defendido a si próprio, por defender a sua nação e por defender o seu povo”, disse o comentarista do Washington Post à cadeia de televisão PBS e para quem Zelenskyy “estava lá para lutar pelo apoio da América que tenho que dizer não deveria sequer estar em duvidam, tendo em conta o que está em jogo e a pessoa de quem ele está a tentar defender o seu povo”.

Rubio explica política para com o conflito

Entretanto, o secretário de Estado disse que toda esta situação se deve ao facto de o Presidente Trump querer acabar com a guerra e isso só pode ser feito trazendo a Rússia à mesa das negociações

Em declarações à cadeia televisiva ABC, Marco Rubio afirmou que a guerra na Ucrânia é "um impasse sangrento, uma carnificina horrível que ele (o Presidente Trump) quer acabar".

IMarco Rubio

“O único meio com que se pode acabar (com a guerra) é se Vladimir Putin vier à mesa das negociações e, de momento, o Presidente Trump é a única pessoa na terra que tem qualquer chance de o trazer à mesa para se ver o que é ele quer para se pôr termo à guerra”, sustentou o chefe da diplomacia americana, quem aceitou que nessas conversações “talvez haja exigências ou coisas que querem que não são razoáveis”.

Your browser doesn’t support HTML5

Encontro na Casa Branca entre Trump e Zelenskyy

Rubio rejeitou as acusações de que o Presidente Trump tenha insultado Zelenskyy chamando-o de “ditador”, mas, ao memo tempo, recusa –se a descrever o Presidente russo como foi feito no passado de criminoso de guerra.

“Passamos três anos a chamar nomes a Putin e isso não é o ponto da questão. O ponto em que estamos é que estamos a tentar trazer o homem e os russos à mesa . Eu disse sempre que, talvez, eles também não queiram um acordo. Não sabemos porque não falamos com eles há três anos”, pontuou o secretário de Estado.

“O que eu pergunto a todos é isto? Se não houver negociações qual é a alternativa? Outros quatro anos de guerra, outros três anos de guerra? O tema é andar para a frente, não para o passado”, acrescentou Marco Rubio que frisou que “ninguém aqui diz que Vladimir Putin vai receber o prémio Nobel da Paz ou o Homem do Ano da Associação Humanitária”.

O secretário de Estado sublinhou que o "objetivo é a paz e isso começa por levá-los à mesa".

Your browser doesn’t support HTML5

“Não se pode confiar em Putin”, diz Kira Rudik, deputada da oposição ucraniana

"Em última análise, como em qualquer acordo, isso terá que se ser aplicado na prática, tem que ser durável terá que haver medidas de garantia, todos sabem isso”, e começa-se com o primeiro passo e isso implica engajamento com eles para ver se é possível porque se não é possível então o que temos pela frente é um impasse prolongado com milhares de pessoas a morrerem e milhares de milhões de dólares a serem usados e mais morte e destruição”, concluiu Marco Rubio.

O discurso do Presidente nesta terça-feira, geralmente conhecido como o Estado da União nos anos seguintes à posse, hoje denominado um discurso numa Sessão Conjunta do Congress, dará a Donald Trump um palco para expor a sua visão para a economia e a política de imigração e permitir-lhe-á defender as recentes decisões de cortar a força de trabalho federal e vários programas.

No entanto, por agora, o desafio mais urgente para Trump será unir as maiorias republicanas no Senado e na Câmara dos Representantes para aprovar um orçamento que vigore depois de 14 de março.