Polícias são-tomenses em formação na Rússia "indignados" por falta de pagamento de bolsas de estudo

Edney Afonso, polícia são-tomense em formação na Rússia

Ministra da Educação, Cultura e Ciência diz que os polícias têm despesas de alimentação e alojamento pagas por Moscovo e salários em São Tomé e Príncipe

Os polícias são-tomenses em formação na Rússia dizem-se indignados, depois de terem tomado conhecimento que os seus nomes não fazem parte da lista de estudantes contemplados com o pagamento de três dos seis meses de bolsas em atraso.

“Isto provocou um grande choque em nós todos, polícias, que estamos aqui numa situação muito difícil”, disse Vanderley Mendes, um dos 12 oficiais há mais de quatro anos na Rússia.

Os polícias dizem que foram abandonados pelas autoridades nacionais num país em conflito militar sem fim à vista.

“A água aqui não é boa para beber e nem isto temos dinheiro para comprar. Há dois anos que uso um casaco que já não está a dar para suportar o inverno rigoroso que temos aqui”, acrescentou Mendes.

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A ministra da Educação, Cultura e Ciência justifica a exclusão dos nomes dos estudantes da academia de polícia da lista de pagamento das bolsas pelo facto de "terem as despesas de alimentação e alojamento suportadas pelo Governo da Rússia e também por auferirem um salário de cerca de 150 dólares".

“Os familiares que recebem os salários deles em São Tomé podem fazer transferência para eles”, disse Isabel Viegas de Abreu.

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Os polícias que entraram em contacto com a VOA lamentam o facto de não terem sido contemplados com o pagamento e afirmam que “a maior dificuldade é ter alguém que possa assumir a operação financeira porque os sistemas de transferência bancária para Rússia estão bloqueados”.

“Nós aqui não temos ninguém para nos ajudar. Há anos que estamos a escrever ao Ministério da Defesa sobre a nossa situação, mas ninguém nos responde”, lamenta Acebíades Borges, outro agente.

Entretanto, os 35 estudantes do Ministério da Educação já têm luz verde para receber o valor correspondente a três meses de bolsa através de um empresário russo que assumiu a operação de pagamento face ao bloqueio financeiro internacional imposto à Rússia devido a invasão da Ucrânia.