O ministro moçambicano do Interior, Amade Miquidade, diz que agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) estão a ser submetidos a uma formação especializada para lidar com matérias ligadas ao terrorismo em Cabo Delgado.
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O objectivo é capacitar os agentes do SERNIC, para perceberem o "modus operandi" dos terroristas, disse aquele governante, por entre críticas de que os serviços de inteligência não têm sido muito activos no teatro das operações.
Miquidade avançou que "estamos a dar uma formação especializada, porque o terrorismo actua de diversas formas, e em Moçambique actua como uma actividade de guerrilha".
Referiu que "os terroristas recrutam jovens para integrar as suas fileiras e cabe ao SERNIC fazer uma investigação para impedir esta actividade criminosa".
Entretanto, o director executivo do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), Adriano Nuvunga, afirma que, eventualmente, esta formação resulte das parcerias que as autoridades moçambicanas estabeleceram, recentemente, com a União Europeia, por exemplo, no âmbito da luta contra o terrorismo em Cabo Delgado.
Guerrilha e puro terrorismo
O embaixador da União Europeia em Maputo, António Sanchez Gaspar afirmou que o apoio daquela organização vai consistir no reforço das capacidades de Moçambique para que as próprias forças de defesa e segurança moçambicanas sejam capazes de resolver o conflito em Cabo Delgado.
Contudo, Nuvunga lamenta que o Governo tenha demorado muito para perceber que em Cabo Delgado existe uma mistura com elementos claros de guerrilha, "o que significa que temos um grupo que enfrenta, militarmente, as forças do Estado, e isso é guerrilha, mas temos também acções de puro terrorismo, que têm a ver com a destruição de infraestruturas".
Por outro, o ministro do Interior, reagindo ao clamor da sociedade, particularmente da classe empresarial, garante que os crimes de rapto que têm abalado algumas cidades moçambicanas vão ser esclarecidos e os seus autores responsabilizados criminalmente.
Dados oficiais indicam que em 2020 foram raptados 11 cidadãos, entre nacionais e estrangeiros. O ministro do Interior assumiu que os raptos aponquentam toda uma sociedade.
O analista José Machicame, diz haver vários relatos de que em alguns casos de raptos, estão envolvidos agentes policiais.